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poluição industrial
2008-06-06

Nem a frota de veículos e toda a indústria da Grande São Paulo tornaram a capital paulista mais poluída por enxofre do que a cidade de Vitória. A liderança da capital capixaba decorre principalmente das emissões de enxofre não tratadas das usinas da ArcelorMittal Tubarão (antiga CST) e Belgo, também Mittal. Outras fontes são as pelotizadoras da Vale.

A elevada contaminação de Vitória com enxofre foi revelada pelos "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável - Brasil 2008" do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira 4), véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente.

O estudo mostra que Vitória apresentou 10 microgramas por metro cúbico (µg/m³) do poluente, contra oito da capital de São Paulo. Os dados são relativos ao ano de 2005.

A fonte da emissão de gases derivados do enxofre é apontada por ambientalistas. Freddy Montenegro Guimarães, presidente da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), informa que as duas primeiras usinas da ArcelorMittal Tubarão funcionam sem unidade de dessulfuração, burlando a legislação ambiental.

Embora os índices de poluição sejam altos na região da Grande Vitória, a permissividade da legislação permite que sejam considerados aceitáveis. Na pesquisa, diz o IBGE, "foram selecionados para apresentação os seguintes poluentes: partículas totais em suspensão - (PTS); partículas inaláveis (PM10); dióxido de enxofre (SO2); dióxido de nitrogênio (NO2); ozônio (O3) e monóxido de carbono (CO), medidos em micrograma por metro cúbico (µg/m³)".

O órgão informa que "os poluentes escolhidos são os que mais afetam a saúde da população, sendo, portanto, aqueles usualmente mensurados pelos órgãos ambientais. São apresentados os dados relativos a algumas regiões metropolitanas que, por constituírem as maiores aglomerações urbanas do País, concentram os problemas de poluição do ar".

O IBGE informa que utilizou informações produzidas pelos órgãos estaduais, Secretarias Municipais de Meio Ambiente e instituições privadas. Os números de Vitória são da Rede Automática de Monitoramento de Qualidade do Ar da Região da Grande Vitória - RAMQAr/Iema e Semmam.

Na justificativa do estudo, o IBGE diz que "a poluição do ar nos grandes centros urbanos é um dos grandes problemas ambientais da atualidade, com implicações graves na saúde da população, especialmente em crianças, idosos e nos portadores de doenças do aparelho respiratório, como a asma e a insuficiência respiratória...".

Informa ainda que "a concentração de poluentes no ar é o resultado das emissões provenientes de fontes estacionárias (indústrias, incineradores, etc.) e móveis (veículos automotores) conjugadas a outros fatores, tais como: clima, geografia, uso do solo, distribuição e tipologia das fontes, condições de emissão e dispersão local dos poluentes".

O comentário do IBGE é de que "o controle da poluição do ar é realizado através do monitoramento dos poluentes mais relevantes. Entre eles, estão o NO2 e o SO2 (resultantes da queima de combustíveis fósseis), o O3 (produzido fotoquimicamente pela ação da radiação solar sobre os óxidos de nitrogênio e os compostos orgânicos voláteis liberados na combustão da gasolina, diesel e outros combustíveis), o CO e o PTS (poluentes que resultam da queima incompleta de combustíveis em veículos e fontes estacionárias)".

E que "o NO2 e o SO2 são gases causadores de chuva ácida, enquanto o O3 é um forte oxidante, provocando irritação das mucosas e das vias respiratórias. O CO é um composto altamente tóxico. O material particulado, especialmente aquele mais fino (PM10), provoca e agrava doenças respiratórias, além de servir como agente transportador de gases tóxicos (adsorvidos à superfície das partículas) para o pulmão e, conseqüentemente, para a corrente sangüínea".

    
Grande Vitória é saturada de poluentes

A transnacional ArcelorMittal Tubarão (antiga CST) estará pronta para aumentar a poluição em 2009: a empresa já começou a montagem do forno de reaquecimento do projeto de expansão da produção de suas duas usinas antigas, de 2,8 para 4 milhões de toneladas de bobinas de aço por ano. A empresa não trata os gases destas duas usinas por economia.

Economiza com a conivência do governo Paulo Hartung. A não construção da unidade de dessulfuração para suas duas primeiras usinas da ArcelorMittal Tubarão provoca doenças aos moradores da Grande Vitória, cujo custo para tratamento já atinge R$ 1.650.000.000,00. Com o agravante de que muitas doenças não têm cura, como alguns tipos de câncer.

Mesmo operando sem cumprir condicionantes ambientais há 24 anos, a empresa preferiu implementar seu projeto de ampliação das usinas antigas. O maior acionista das empresas é o indiano Lakshmi Mittal e seu projeto foi licenciado em tempo recorde pelo governo Paulo Hartung.

Antes deste projeto de ampliação, a ArcelorMittal Tubarão foi favorecida para construir sua 3ª usina. O projeto também foi licenciado no governo Hartung. Por exigência da fábrica dos equipamentos, a 3ª usina traz acoplada uma unidade de dessulfuração. Ainda assim, agravou a poluição do ar na Grande Vitória.

As emissões das empresas Mittal juntas com a Vale ultrapassam, e muito, o que é suportável pelos moradores e pelo meio ambiente da região. A Vale tem sete usinas pelotizadoras de minério de ferro em operação e foi autorizada pelo governo do Estado a aumentar a produção em 45%, incluindo a construção de sua oitava usina, passando a produzir 39,3 milhões de toneladas anuais.

Pesquisa realizada há alguns anos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) apontou que a Vale respondia por 20-25% dos poluentes do ar emitidos na Grande Vitória. A ArcelorMittal Tubarão por 15 a 20% e a Belgo por 5-8% das 264 toneladas/dia de poluentes, 96.360 toneladas/ano de poluentes.

Sobre a Grande Vitória são lançados 59 tipos de gases, sendo 28 altamente nocivos, que provocam alguns tipos de câncer, que destroem o sistema imunológico, além de doenças alérgicas e respiratórias, entre outras doenças.

Além do passivo de R$ 1.650.000.000,00 das empresas Mittal apenas na área da saúde, os moradores da Grande Vitória gastam R$ 65.000.000,00 por ano, em média, para tratar as doenças causadas ou agravadas pela poluição da Vale. Nos seus 38 anos de produção, a Vale acumula um passivo de R$ 2.470.000.000,00.


(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 06/06/2008)


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