Derrubada de árvores, queimadas e acúmulo de lixo em rios e arroios se tornaram comuns em todo o Brasil. Nesta semana o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que só no mês de abril 1.123 quilômetros quadrados da Amazônia foram desmatados. Números como esse servem de alerta quanto aos danos ambientais e, ao mesmo tempo, motivam ações em torno da preservação. Algumas dessas iniciativas podem ser conferidas em Santa Cruz do Sul até o fim da tarde de hoje na terceira edição do Encontro Sul-Brasileiro Verde é Vida.
Promovido pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) o evento serve para comemorar o Dia do Meio Ambiente e reúne cerca de mil estudantes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A proposta é avaliar as medidas que vêm sendo adotadas com o propósito de estimular a preservação dos recursos naturais e ainda recuperar áreas devastadas. Esta tem sido a filosofia adotada nos 20 anos de existência do Verde é Vida e os resultados podem ser vistos nos 65 municípios atendidos.
Alguns desses exemplos começaram a ser expostos nos pavilhões do Parque da Oktoberfest pelos alunos participantes. São atividades que envolvem desde o reflorestamento até a limpeza de rios e lagos, passando pela coleta de lixo, preservação de sementes e educação ambiental. Os trabalhos estão expostos em painéis montados no Pavilhão 2, que foi transformado na Sala Araucária, em homenagem ao Paraná. Nesse local o público poderá conhecer os resultados práticos desenvolvidos no decorrer do ano passado por meio do programa.
“São ações que garantem a preservação do meio ambiente. Desde que existe, o Verde é Vida vem trabalhando com esse objetivo e os efeitos podem ser notados em todas as áreas de atuação”, destacou o coordenador Adalberto Huve. Para conseguir esse desempenho a entidade mantém parceria com prefeituras de todas as cidades onde atua e conta com uma rede de colaboradores responsável por implementar as atividades desenvolvidas em caráter extracurricular.
Consciência
Entre os que comprovam os princípios do programa está o estudante Lucas Adams, 11 anos. Morador do município de Imbituba, no Sul do Paraná, ele conheceu o Verde é Vida há cinco anos e, desde então, não parou de acompanhar as iniciativas voltadas ao meio ambiente.
Depois de viajar quase 15 horas ele chegou em Santa Cruz na quarta-feira de tarde e começou a montar o mural no qual expôs as campanhas voltadas ao recolhimento de sementes, recuperação do solo e nascentes, coleta de lixo e reflorestamento. “Se nós não fizermos alguma coisa hoje, que mundo vamos ter no futuro. É importante preservar e cuidar da natureza”, afirmou o garoto que estuda na 4ª série.
Para ele, além da oportunidade de conhecer outro Estado e a chance de mostrar as iniciativas ambientais que aprende na escola, o Encontro Sul-Brasileiro serve para trocar informações com pessoas de diferentes regiões. O professor Levi Iongblood, que acompanha a turma, ficou entusiasmado ao ver que seu trabalho também vem sendo adotado por colegas de outras instituições envolvidas. “Assim podemos ver que mais pessoas se preocupam com a preservação ambiental e que podem colaborar com a melhora na qualidade de vida de toda a população”, frisou.
O desabafo de Wenzel
Com a experiência de ter sido secretário estadual do Meio Ambiente, o prefeito José Alberto Wenzel aproveitou seu pronunciamento para reforçar as iniciativas voltadas aos recursos naturais e saiu em defesa da fumicultura, que em sua opinião é uma das atividades que mais preservam. Ele também falou sobre a reportagem da Rede Globo na qual foram mostradas crianças trabalhando com tabaco. Disse que esta não é uma realidade e que os fatos teriam sido distorcidos.
“Destacamos um setor que, apesar do consumo de matéria-prima vegetal, é um modelo de preservação ambiental, pois 27,5% das propriedades dos fumicultores estão cobertas por florestas. Isso acontece graças a campanhas de reflorestamento das empresas fumageiras e de ações socioambientais e de educação do Projeto Verde é Vida, que já distribuiu mais de 4 milhões de mudas de árvores e 85 mil livros de ecologia, alcançando 170 mil alunos e professores em 600 municípios do Sul do Brasil”.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 06/06/2008)