Estudar a dinâmica de crescimento das florestas nativas brasileiras é o caminho para formular políticas públicas em projetos que visem a preservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos. A dinâmica de crescimento das florestas é acompanhada por pesquisadores da Embrapa Florestas através de redes de pesquisa e do monitoramento de parcelas permanentes.
Parcelas permanentes são áreas demarcadas na floresta e periodicamente remedidas. A instalação e o acompanhamento destas parcelas são uma importante ferramenta para a obtenção de informações espaciais e temporais sobre crescimento e evolução das florestas, de forma a possibilitar o planejamento florestal.
A pesquisadora da Embrapa Florestas, Ieda Maria Malheiros de Oliveira, que integra a equipe de dez profissionais, responsável pelo trabalho com parcelas permanentes, explica que o estudo avalia como as espécies florestais – em particular arbóreas – se alteram ao longo do tempo.
As parcelas permanentes são usadas como ferramenta de monitoramento em todos os seis biomas terrestres brasileiros. Cada um deles – Amazônia, Mata Atlântica e Pampa, Caatinga, e Serrado e Pantanal, formam áreas de pesquisa sob acompanhamento da Embrapa.
O acompanhamento é feito a cada um ou dois anos, quando as árvores são numeradas, é feita a identificação botânica das espécies e colocadas cintas em torno dos troncos para avaliar o crescimento. Tudo segue protocolos de medição para permitir a comparação dos resultados. “São pesquisas de longo prazo, que envolvem grande número de instituições, por isso é preciso preservar o conhecimento obtido de modo que possa ser acompanhado por outros pesquisadores no futuro”, diz Ieda de Oliveira.
O estudo foca apenas a vegetação, mas a pesquisadora da Embrapa percebe a necessidade de aliar o conhecimento sobre crescimento das florestas com outras áreas. “A fauna, a vegetação rasteira, o solo também poderiam fazer parte da pesquisa”.
No estudo das florestas em parcelas permanentes, as áreas de abrangência são pequenas, variando de poucos metros a um hectare. A área serve como uma amostra qualitativa da vegetação e as informações ali obtidas servirão para abastecer o Inventário Florestal Nacional, projeto do Ministério do Meio Ambiente que também conta com envolvimento da Embrapa.
Por causa de área restrita, o trabalho de monitoramento da dinâmica das florestas em parcelas permanentes não fornece uma dimensão da devastação de áreas nativas hoje em curso. Esse retrato, segundo a pesquisadora da Embrapa Florestas, Ieda Maria de Oliveira, está sendo feito pelo Inventário Nacional.
Envolvimento dos empresáriosPara a pesquisadora, Ieda Maria Malheiros de Oliveira, há muitos motivos para que o setor empresarial acompanhe o trabalho de monitoramento da dinâmica de florestas.
O primeiro deles, explica, é de ordem legal. “As empresas são obrigadas a manter parte das suas áreas com florestas naturais preservadas”. Outro motivo, segundo ela, é de ordem estratégica: quanto mais áreas preservadas, maior valor agregado terá a madeira produzida, porque terá o processo de origem certificado.
Tais imposições legais ou de mercado se transformaram em grandes oportunidades de negócios para as empresas do setor florestal. “O empresário florestal é o melhor exemplo de sucesso na conservação de florestas”, diz a pesquisadora que acompanha o setor de florestas plantadas há 30 anos. “Muitas vezes, eles mantêm conservadas áreas de florestas muito maiores do que obriga a legislação e, por isso, acabam contribuindo muito mais para a preservação do que empresários de outros segmentos”.
O futuro também ser motivo de preocupação de todos, segundo Ieda. E é através do estudo da biodiversidade que poderão ser reveladas informações essenciais para as próximas gerações. “Hoje, as questões ambientais ainda não fazem parte da nossa vida, mas elas passarão a ter importância em breve”.
(Por Candida Lemos,
Celulose Online, 05/06/2008)