O etanol brasileiro está abandonando o papel de vilão para ser reconhecido como alternativa energética mais viável aos combustíveis fósseis. A constatação é do presidente da Subcomissão dos Biocombustíveis do Senado, senador João Tenório (PSDB-AL), que se encontra em Roma, integrando a delegação brasileira enviada à reunião da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) destinada à discussão da crise alimentar mundial.
João Tenório elogiou "o tom enfático e contundente" do discurso em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou o petróleo e os subsídios agrícolas dos países ricos como os grandes responsáveis pela alta do preço dos alimentos. O senador registrou que esse protecionismo também foi alvo das críticas do diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, e dosecretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que pediu a revisão de políticas comerciais e tarifárias que distorcem a oferta de alimentos no mundo.
"Começa a ficar clara a percepção de que os biocombustíveis , e em particular o etanol de cana, não são os responsáveis pelo aumento dos preços das commodities agrícolas", informa o presidente da subcomissão, em nota transmitida por intermédio de sua assessoria. Para ele, num primeiro momento, a reação contrária aos biocombustíveis foi até compreensível, uma vez que a área agricultável é muito reduzida na Europa.
"Equívoco é imaginar que o mundo todo é assim. Na América do Sul, na América Central e na África há áreas agricultáveis de sobra", lembra ainda. O senador chama a atenção para o discurso do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, que defendeu a abertura dos mercados internacionais para o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar como medida necessária para conter a alta nos preços das commodities agrícolas.
No entender de João Tenório, se há um lado positivo na crise mundial de alimentos, é o de "despertar a comunidade internacional para o significado da agricultura e para os problemas do setor, assim como para a busca de alternativas num cenário de demanda cada vez maior de alimentos". João Tenório avalia ser da maior importância conhecer de perto o pensamento de lideranças mundiais e das maiores autoridades envolvidas com a questão. A Subcomissão dos Biocombustíveis é colegiado permanente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA).
(Por Teresa Cardoso, Agência Senado, 05/06/2008)