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lixo tecnológico / eletrônico
2008-06-06

O consumo consciente e a reciclagem de materiais são caminhos apontados para amenizar prejuízos

Você já deve ter escutado (e talvez até reproduzido por aí) aquela conversa que, no Japão, a tecnologia é tão avançada e tão acessível à população que dá para encontrar nas latas de lixo computadores supermodernos, calculadoras digitais caríssimas e i-pods quase descartáveis. Até atravessar o oceano e chegar por aqui, a riqueza dos resíduos nipônicos ganhou ares de folclore, e há um bom tempo deixou de ser contada como indício de desenvolvimento da nação oriental para ser exemplo de um problema ambiental mundial: o lixo eletrônico.

Segundo a organização global e independente Greenpeace, a parafernália eletrônica que é jogada fora - e neste saco entram telefones celulares, pilhas, baterias, computadores, tocadores de música, televisores, entre muitos outros equipamentos - chega a 50 milhões de toneladas por ano no mundo. No Brasil, ainda não há um número oficial sobre a produção de lixo eletroeletrônico anual. Tão dramático quanto esses números é a constatação de que o problema ainda não figura entre as prioridades dos governos, tampouco da maioria da população.

Em Santa Maria, a discussão sobre o que fazer com os computadores velhos, o celular sem uso e outros eletrônicos, já induz à algumas ações, pena que ainda restritas a poucas empresas e instituições responsáveis. A cidade conta com leis apenas sobre o destino de lâmpadas, baterias de celular e pilhas, mas não há fiscalização que garanta o destino adequado desse material. No Rio Grande do Sul, desde 1993, uma lei obriga que todos os geradores de resíduos sólidos (em outras palavras, os fabricantes) se responsabilizem pela coleta, o transporte, o tratamento, o processamento e a destinação final desses produtos.

- Teoricamente, as pessoas deveriam devolver os equipamentos aos fabricantes, mas não há esse hábito. A maioria não sabe o que fazer com esse material. Só a lei estadual não é suficiente. Deveria ter uma legislação municipal em que as lojas que vendem produtos eletrônicos fossem obrigadas a recebê-los de volta para dar a destinação correta - avalia José Antônio Mallmann, técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).

Algumas empresas e instituições que dispõem de uma quantidade grande de equipamentos eletrônicos já têm a prática de, antes de jogar tudo na lixeira, avaliar a possibilidade de os equipamentos serem doados ou reaproveitados. Uma instrução normativa do Ministério das Cidades orienta que as repartições públicas federais reciclem ao máximo seus resíduos. Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), medidas de reciclagem dão vida mais longa a computadores antigos, teclados e outros eletrônicos. Se um aparelho não serve para um setor, busca-se a utilização dele em outra área.

Reciclagem - No Colégio Técnico Industrial, os alunos também desmancham máquinas para tentar consertá-las e, em último caso, para aproveitar as peças ao máximo. O pouco que fica sem serventia é vendido para sucata, depois de devidamente descaracterizado.

- Nunca vendemos uma máquina inteira, somente pedaços. Mas dificilmente não aproveitamos o material - conta Gilson Peres, diretor de divisão de patrimônio da UFSM.

Se as empresas e instituições já começam a organizar melhor seu lixo eletrônico, ainda que numa velocidade mais lenta do que a geração desses resíduos, o consumidor "doméstico" continua perdido na hora de descartar os seus "restos tecnológicos". O refugo eletrônico da vida moderna segue destinado à lixeira comum e aos arquivos de centenas de levantamentos de organizações não-governamentais, que o apontam como o mais novo vírus contra o meio ambiente.
 
(Por Bruna Porciúncula, Diário de Santa Maria, 06/06/2008)


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