O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira as políticas indigenista e de reforma agrária definidas no seu governo. Ao comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente, Lula atacou os que criticam a União por reservar áreas para indígenas, sem-terra e seringueiros, enquanto há proprietários que sozinhos têm até um milhão de hectares.
"Não é menos importante fazer uma reserva de 709 mil hectares para 109 famílias", afirmou o presidente, referindo-se a uma das medidas anunciadas hoje que é a reserva do Médio Xingu, no Pará. "Muitas vezes somos acusados que estamos dando muita terra para não sei quantas famílias, índios, seringueiros e as pessoas se esquecem que existe apenas um proprietário que tem, às vezes, um milhão de hectares ou 500 hectares. E alguns acham pouco e querem grilar as [terras] dos outros."
O presidente disse estar convencido que há avanços no país para a compreensão de que o realizado pelo governo seria a combinação perfeita.
"Estou convencido que nós estamos avançando para uma combinação entre os marcos legais, que nós queremos e que o Congresso aprova, e o aumento da consciência política da sociedade que cada benefício que a gente fizer", afirmou Lula, sendo aplaudido pela platéia formada por ambientalistas e alguns parlamentares.
Guardas
Na cerimônia, no Palácio do Planalto, o presidente disse ainda que é necessário aumentar o rigor contra os que desmatam em áreas de preservação ambiental e ampliar o sistema de fiscalização dessas regiões. As alternativas, segundo ele, são criar a guarda nacional ambiental, defendida pelo ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), e castigar os que burlam a lei.
"Acho que nós temos de ser muito duros com os cidadãos que estão fazendo queimadas e desmatando [inadvertidamente]. A gente não pode generalizar na crítica, não pode fazer acusações genéricas. A gente tem que pegar o exemplo de um cidadão e ele receber o castigo", afirmou o presidente.
Segundo Lula, é fundamental estabelecer limites de forma clara para que as pessoas não ultrapassem a fronteira permitida. "O importante é que quando as pessoas entrem na casa da gente, peçam licença para abrir a geladeira, porque aquilo tem dono", afirmou.
O presidente apelou para que os parlamentares apóiem a idéia de criar uma guarda nacional ambiental destinada a atuar nas áreas de preservação. "Nós precisamos de muito mais policiais, quem sabe criar uma guarda nacional para tomar conta das florestas, para isso é preciso fazer alguns concursos", disse.
Em seguida, Lula lembrou que o tamanho do Brasil dificulta a fiscalização. "Um país com um território imenso como este, às vezes, a gente fica sabendo da queimada pela televisão ou o pessoal do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas] mostra a fotografia."
Orgulho
O presidente afirmou que há muito o que comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente. "Nós temos de comemorar e temos de ter orgulho do que estamos fazendo", afirmou. "Nós vamos continuar fazendo a nossa parte", reiterou.
Minutos antes da solenidade, o diretor da organização SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, criticou a política ambiental do governo federal. Segundo ele, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é um atraso para o país.
"O PAC hoje é uma desgraça sob o ponto de vista ambiental. Agora é baixar a bola e não deixar que avancem esses devaneios desenvolvimentistas", disse Mantovani. Em discurso, o presidente respondeu à crítica do ambientalista. "Não há incompatibilidade alguma entre o desenvolvimento e a preservação ambiental."
(Por Renata Giraldi, Folha Online, 05/06/2008)