Em discurso de improviso na cerimônia em comemoração ao Dia Internacional do Meio Ambiente, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não teme o debate no mundo em relação à Amazônia e que tem certeza que o Brasil será muito atacado e que terá de responder à altura. Ele reafirmou que não aceita que ninguém dê palpite sobre a Amazônia. "De vez em quando eu fico pensando que a Amazônia é que nem aqueles vidros de água benta que tem na igreja, todo mundo acha que pode meter o dedo. Basta ser católico e entrar na igreja que quer colocar o dedo para se benzer. A Amazônia, além de ser católica, é evangélica. Portanto, tem mais gente querendo colocar o dedo".
Lula disse que os críticos foram os que mais desmataram. "São pessoas que desmataram o que tinham e o que não tinham, são pessoas que emitem CO² como ninguém e depois resolvem dizer na Amazônia, aqui, que precisamos pensar se ela é do Brasil". O presidente afirmou não acreditar que haja no mundo um país como o Brasil, com grande quantidade de terras nativas. "A Europa só tem 0,3% da sua floresta nativa. O Brasil ainda tem 69% e é responsável por 28% das terras nativas que ainda sobrevivem das nossas florestas. Portanto, quando alguém falar grosso com a gente - e a gente nunca fala grosso porque nós somos educados - mas temos de responder, de forma categórica, que nós não precisamos de palpite na nossa vida", afirmou. Lula reafirmou que a Amazônia "tem dono", e disse que as reservas brasileiras representam "uma quantidade de milhões de hectares que dão quase toda a Europa".
Segundo Lula, o governo brasileiro não se recusa a construir projetos conjuntos, mas não pode permitir que as pessoas tentem ditar as regras do que tem que ser feito com a Amazônia. Para o presidente, nos últimos quatro anos foram criados 20 milhões de hectares de unidades de conservação e homologados 10 milhões de hectares de terras indígenas. "Cancelamos 66 mil títulos de posses fraudulentas na Amazônia e ampliamos em dez vezes a área de floresta manejada e certificada, que soma agora mais de três milhões de hectares de terra", afirmou.
Para o presidente, o governo tem o que comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente e ter orgulho. "Sabemos que é uma tarefa muito, mas muito difícil, porque quando a gente pensa que está cuidando da floresta, tem um rio que está sendo poluído. Ou seja, é quase uma revolução cultural que precisamos fazer para atingir a perfeição ambiental". O presidente defendeu que o tema seja discutido nas escolas, pelas TVs e nas comunidades. "Isso não é polícia e nem é lei. É consciência e maturidade política".
(G1, 05/06/2008)