O fim do cessar fogo entre o governo do Sri Lanka e o grupo rebelde Tigres de Libertação do Tamil Eelam está provocando um aumento nas mortes de elefantes selvagens que habitam a ilha. Cerca de quatro mil elefantes habitam as florestas do país. Só no ano passado, 74 morreram, 44 deles a tiros. Os restantes foram vítimas de envenenamento, foram eletrocutados por fazendeiros ou caíram em poços. Apenas quatro morreram por morte natural.
Segundo as autoridades de proteção ao meio-ambiente, as mortes - não intencionais - são conseqüência de uma iniciativa do governo de enviar guardas aos vilarejos próximos das zonas de conflito e armar a população local. "Devido à situação atual de segurança, as pessoas são armadas pelo governo para se proteger contra os Tigres Tâmeis", disse Manjula Amararathne, do departamento responsável pela conservação do meio-ambiente. "Mas, em algumas áreas, as pessoas também usam estas armas para matar elefantes", acrescentou.
Proximidade
Existem cerca de 4 mil elefantes no Sri Lanka e muitos vivem próximos aos homens. Fazendas estão sendo abertas em locais onde antes existia a floresta e as áreas restantes de selva estão cada vez menores. Com isso, lavouras são danificadas pelos elefantes, casas são derrubadas com freqüência e pessoas são mortas. Este foi o caso de Asanga Reno, que foi dispensado da Marinha do Sri Lanka por algum tempo, para sepultar sua mãe, Ranjini, morta atacada por um elefante.
O animal arrancou Ranjini da garupa da motocicleta na qual ela viajava para casa, pelos campos, e a atirou na estrada. Quando seu marido conseguiu alcançá-la, ela já estava morta. "Eles não viram o elefante até que ele chegou perto. Eles ficaram com medo do elefante e o animal também entrou em pânico", disse seu filho.
O Departamento de Conservação da Vida Selvagem do Sri Lanka está tentando manter a distância entre homens e elefantes construindo cercas elétricas de baixa voltagem em volta dos vilarejos. E vegetais comestíveis para os elefantes estão sendo plantados nas florestas restantes para que eles não deixem estes locais em busca de comida.
Treinamento
Novos recrutas da Guarda Nacional do Sri Lanka estão sendo treinados para apenas espantar os elefantes e não mais atirar contra eles. "Treinamos os recrutas para evitarem os elefantes e não machucar os animais, ensinamos como proteger os elefantes e, fazendo isto, como amar a fauna e a flora", afirmou o major Priyantha Rathnapriya, que comanda o campo de treinamento de Galakiriyagama. "Definitivamente não atiramos em mais nenhum. Não fazemos isto", acrescentou.
Enquanto isto, veterinários do Departamento de Conservação da Vida Selvagem entram nas áreas de selva para tratar elefantes com ferimentos à bala. "É normal, todos têm ferimentos à bala", afirmou o veterinário Chandana Jayasinghe. Mas, mesmo em meio à mata fechada, existem campos e casas a apenas algumas centenas de metros de distância e, com isso, aumentam as chances dos elefantes tratados pelo veterinário serem feridos novamente.
(Por Roland Buerk, BBC, 05/06/2008)