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conservação da biodiversidade
2008-06-05

Pescadores europeus manifestaram-se hoje no exterior dos edifícios da Comissão Europeia, em Bruxelas, contra o aumento dos preços dos combustíveis porque os mais pobres são os primeiros a ser afectados por um uso abusivo dos recursos naturais, “mas os próximos seremos nós”. Este “nós” inclusivo e abrangente foi dito por Pavan Sukhdev, que na semana passada se tornou uma estrela do mundo da ecologia por ter apresentado, em Bona, o primeiro estudo que faz uma contabilização económica da perda da biodiversidade de animais e plantas a nível global.

Pavan Sukhdev dirigiu esse estudo, encomendado no ano passado pela Comissão Europeia e pelo Governo da Alemanha, intitulado “The Economics of ecosystems & biodiversity – An interim report”, que é apenas a primeira parte de um projecto conhecido abreviadamente por “TEEB”, e que deverá continuar. O nós inclusivo de refere-se às pessoas abastadas dos países ricos que gozam de elevados padrões de consumo se olhados numa perspectiva global.

No estudo, cuja importância está a ser comparada à do Relatório Stern sobre o custo das alterações climáticas, conclui-se que a perda actual de biodiversidade em larga escala, como acontece com as florestas, representa vários pontos percentuais do PIB e uma fatia significativa do bem-estar da humanidade, segundo explicou então numa entrevista à Voz da Alemanha. E acrescentou que, para convencer as pessoas a fazer alguma coisa, deve ser-lhes dito que a alimentação e a água estão em risco e que os seis a oito por cento do PIB global de que fala representam actualmente o sustento de dois mil milhões de pessoas.

Hoje, na Semana Verde da Comissão Europeia, onde veio falar numa sessão justamente sobre “O valor da biodiversidade e ecossitemas”, deu uma entrevista ao programa Biosfera, a que o PÚBLICO assistiu, onde disse que a expectativa é de que em 2050 tenham sido convertidos mais 7,5 milhões de km2 de áreas naturais para uso humano em todo o planeta (a área da Austrália) e foi peremptório sobre um aumento futuro dos preços da comida. O primeiro conselho que deu foi o “que se comece a medir as externalidades”, as tais que “estão a deixar de sê-lo”.

Para Sukhdev, que dirige o Deutsche Bank na Índia, “quando se pensar em mudar o uso do solo [da natureza para actividades humanas] tem de se contabilizar aspectos até agora não tidos em conta”, como o uso lúdico ou os benefícios potenciais para a medicina. Por exemplo: uma espécie de rãs da Austrália estava a ser estudada por ter características que sugeriam que poderia fornecer solução para as doenças gástricas. Mas entretanto extinguiu-se.

Considera também que o exemplo das pescas é bom para se perceber a importância da biodiversidade. Sukhdev diz elas que “estão em declínio por causa do excesso de captura”, e isto porque os governos subsidiam a actividade e há procura”, existindo já grande quantidade de mares a ser explorados acima da sua capacidade de renovação de “stocks”.

Na sua perspectiva, se as coisas continuarem como estão, “em 2050 não haverá pesca e perdem-se 27 milhões de empregos” ao nível global. “Agora os pobres, depois seremos nós. Não é sustentável.” E adianta que, depois das florestas, vai estudar o que se passa com os oceanos.

Europa quer influenciar padrões globais
A avaliar pelo tom das intervenções e dos debates em várias das sessões que já decorreram nesta Semana Verde, o planeta vive um estado de emergência ambiental que poderá eventualmente, e sem grande surpresa, desembocar em catástrofe ambiental e económica.

Numa das sessões da manhã, dedicada às oportunidades empresariais decorrentes das alterações climáticas (que obrigam a procurar sistemas energéticos menos intensivos em carbono), o director-geral europeu do Ambiente dizia que “o que se fizer nos próximos dez a quinze anos pode fazer a diferença em relação às alterações climáticas”.

Mogens Peter Carl mostrou-se confiante em que as medidas legislativas que a Comissão preparou e estão agora nas mãos do Conselho de Ministros e do Parlamento Europeu sejam adoptadas até ao fim do ano e contribuam para ajudar a Europa a influenciar padrões globais nesta área, dando-lhe mais argumentos nas negociações internacionais sobre alterações climáticas.

Além disso, padrões mais exigentes no mercado europeu terão também influência no mercado global, pois a UE é um grande mercado de quase 500 milhões de habitantes para onde quase todos querem vender.

Mas nem tudo está a correr bem. De seguida, Laura Cozzi, Divisão de Análise Económica da Agência Internacional de Energia, disse que as perspectivas actuais são de que em 2030 vamos continuar a depender em mais de dois terços das fontes de energia intensivas em carbono, isto é, carvão petróleo e gás, que emitem grandes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera – e com a China a assumir aqui um grande peso.

E disse que isto “é coerente com um cenário de aumento da temperatura do globo de 6ºC”. De acordo com os gráficos que apresentou, nesse ano o consumo de energia será cerca do triplo do de 1980.

Nesta Semana Verde, a oitava promovida pela Comissão, largas dezenas de conferencistas abordam questões ligadas aos recursos e gestão dos lixos, consumo e produção sustentáveis, natureza e biodiversidade e alterações climáticas. O tema deste ano é a produção e consumo sustentáveis e os oradores são sobretudo responsáveis políticos e da administração pública, académicos e membros de organizações não governamentais.

(Por Paulo Miguel Madeira, Ecosfera, 04/06/2008)

 


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