Foi-se o tempo em que o arroio Castelhano recebia, a cada fim de semana e tardes de verão, centenas de venâncio-airenses que se banhavam nas suas águas. Hoje, aventuram-se pelo curso d'água apenas alguns pescadores e, raramente, crianças que, sem noção do perigo e longe dos olhos dos pais, brincam na água barrenta do arroio. Pessoas hoje na casa dos 60 anos presenciaram as mudanças pelas quais passou o Castelhano, que nesse período deixou de ser local de lazer para se tornar um córrego de águas turvas, de onde é tirada a água que abastece a área urbana da cidade.

Pensado em transformar o Castelhano novamente no belo arroio que já foi um dia, o Rotary Clube Venâncio Aires realiza o SOS Arroio Castelhano. O projeto, estruturado desde o ano passado pelos integrantes do clube, foi lançado oficialmente no início do ano. Entre as atividades já realizadas está uma palestra com o engenheiro responsável pelos projetos de tratamento de esgotos da Corsan, entre eles o da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Venâncio Aires, Luiz Carlos Klusener Filho. No encontro, promovido em março, autoridades municipais e profissionais da construção civil puderam esclarecer dúvidas sobre a rede de coleta de esgotos e a estrutura que será instalada no município.

Ainda em março, no dia 29, o clube promoveu um ato concreto em prol do Castelhano. Foi realizado um mutirão de limpeza que retirou o lixo acumulado nas margens e dentro do arroio. Os voluntários percorreram aproximadamente dez quilômetros do curso d'água, pelas margens e com auxílio de barco, recolhendo aproximadamente 20 toneladas de materiais.

Agora, o Rotary Venâncio trabalha em novas atividades para promover a conscientização da população e a recuperação do arroio. Entre elas, em breve deve começar a veiculação na RBS TV de uma peça publicitária sobre o Castelhano e o projeto desenvolvido. A propaganda, explica o presidente do clube, José Eleir de Macedo, é patrocinada pela Corsan e deve ser transmitida em diversos horários.

Para o futuro, a intenção do clube é intensificar a campanha para descarte correto do óleo de cozinha, buscando inibir o nocivo hábito de despejá-lo no ralo. O Rotary está também em tratativas com o Instituto de Pesquisas Hidrológicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para a realização do estudo de impacto das obras para retornar o Castelhano ao seu curso original. A intenção, conforme Macedo, é elaborar um projeto para restaurar o curso do arroio, alterado há alguns anos pela retificação realizada em alguns trechos.

O presidente do clube ressalta que o Rotary está firmando diversas parcerias para o SOS Castelhano, principalmente pela importância das ações para Venâncio Aires e região. “Onde a gente está chegando estão abrindo as portas, porque é muito bonito o projeto”, diz.

Reflorestamento
Já na próxima semana devem ter início as atividades para promover a recuperação da mata ciliar. Para tanto, será realizado um trabalho com as escolas situadas nas proximidades do arroio, visando conscientizar as crianças sobre a importância da área, para que elas levem as informações aos seus pais. De acordo com Macedo, a intenção é atingir principalmente as famílias proprietárias de terras nas margens do Castelhano.

O primeiro passo desta etapa do SOS Castelhano é uma reunião com os diretores das escolas públicas próximas ao arroio. A intenção do clube é promover o encontro já na próxima semana, com auxílio da Secretaria Municipal de Educação (SME). Devem ser apresentados o projeto e o material produzido pelo Rotary sobre o assunto, como o DVD e impressos falando sobre os problemas e soluções para o Castelhano.

As escolas receberão mudas de árvores nativas, especialmente de espécies frutíferas para, além de recuperar a mata ciliar, recuperar a fauna local. As plantas, num total de mil, foram doadas pela Afubra. Depois de receberem as mudas, os colégios serão convidados a promover atividades didáticas a respeito do arroio. “A gente quer que as escolas se engajem e as crianças levem para casa, para os pais plantarem”, diz Macedo.

No final do ano, a escola que desenvolver o melhor trabalho de conscientização entre os alunos receberá como premiação um computador. “Haverá pontos para quem plantar (as mudas), para as que vingarem, podem fazer fotos, o que as escolas quiserem apresentar”, exemplifica o presidente do Rotary, ressaltando que o objetivo é recuperar o arroio.

(Por Rozana Ellwanger, Folha do Mate, 05/06/2008)