Apesar dos trabalhos de conscientização, os arroios de Porto Alegre e o Guaíba ainda servem de depósito de lixo. A atitude irregular, além de ser um crime ambiental, causa transtornos à população. Entre os maiores prejuízos está o nível de poluição da água, alagamentos e o transbordo dos arroios. A limpeza é realizada pelo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) de Porto Alegre. A bióloga e coordenadora da assessoria de educação ambiental do DEP, Cristina Bernardes, ressalta que o trabalho é feito em duas frentes: conscientização e reparação.
A primeira tem a finalidade de conscientizar a população a não poluir os arroios. 'A ação preventiva é a principal. Faz com que o dano não ocorra. Porém, não é um trabalho fácil e isso só pode ser feito mudando a cultura e o comportamento das pessoas', diz ela. O DEP desenvolve o projeto 'Reviver das Águas', composta por palestras e apresentações com recursos audiovisuais. Entre 2005 e 2007 o setor atendeu a 42.726 mil pessoas em cursos e atividades. Neste ano, foram mais de 10 mil pessoas envolvidas.
Depois que o dano ao meio ambiente já foi feito, começa a segunda etapa do processo de educação ambiental. Nesta fase ocorre a limpeza dos arroios. 'É um trabalho mais difícil porque o estrago já existe e só podemos amenizar os prejuízos', afirma a bióloga. Na limpeza são recolhidos lixo doméstico até geladeiras, televisores e sofás.
Com o objetivo de chamar a atenção e sensibilizar a comunidade, o DEP montou a exposição itinerante 'A Casa do Arroio'. Nela, as pessoas podem ver o que é retirado das águas. São móveis, sofás, eletrodomésticos, entre outros. A poluição reflete diretamente no processo de tratamento da água. 'Quanto maior for o nível de lixo despejado, maior será a necessidade de usar substâncias químicas para tornar a água novamente potável. Ao poluir os arroios os transformamos em esgotos a céu aberto e o tratamento é mais complexo e químico', sintetiza a biológa Cristina Bernardes.
(Correio do Povo, 05/06/2008)