O senador Jayme Campos afirmou que irá apresentar à comissão externa temporária que avalia o risco ambiental em 36 municípios relacionados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que preside, requerimento para realização de sessão secreta com Paulo Lacerda. O senador citou reportagem veiculada no programa Fantástico, da TV Globo, na qual um jornalista comprou terra na Amazônia pela rede mundial de computadores, a Internet.
Jayme Campos disse que, de acordo com a reportagem, relatório da Abin atesta que estrangeiros estão adquirindo grandes áreas da região, sob o manto da preservação ambiental. A empreitada é comandada pelo empresário sueco Johan Eliasch (dono da marca Head), que tem ligações com o Partido Trabalhista da Grã-Bretanha. O parlamentar disse que o próprio empresário já detém 160 mil hectares no Amazonas e sua ONG administra cinco áreas na região, entre elas dois parques no Mato Grosso e uma reserva da Força Aérea na Serra do Cachimbo (PA). Essas áreas, acrescentou, somam 145 mil hectares.
- Como a ONG teve acesso a gestão de áreas que pertencem à União, aoMato Grosso e à Força Aérea Brasileira? - perguntou Jayme Campos, para quem "o Senado tem obrigação de procurar informações sobre intervenção em áreas de reserva ecológica em território brasileiro"
O senador acrescentou que os dois parques administrados pela ONG, próximos aos Rios Cristalino e Teles Pires, têm possíveis reservas de ouro e diamante.
Jayme Campos descartou qualquer postura xenófoba, mas afirmou que está em andamento uma campanha para minar a autodeterminação brasileira, para depois comprometer a soberania do país e finalizar com a tentativa de internacionalização da Amazônia. Ele elogiou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na defesa da soberania nacional. E chamou de "mentira odiosa" a versão de que o povo brasileiro é destruidor do ecossistema.
Em aparte, o senador Expedito Júnior (PR-RO) disse que a Amazônia tem de ser gerida dentro de uma política de auto-sustentabilidade. Já a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) criticou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por querer impor termo de acordo "impossível de ser cumprido" a produtores tocantinenses que cuidam de 400 mil hectares em projeto de irrigação implantado há cerca de 30 anos.
(Por José Paulo Tupynambá, Agência Senado, 04/06/2008)