O Brasil está prestes a iniciar a construção de sua terceira usina nuclear - anunciada para este ano pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff -, mas ainda não tem depósitos específicos para armazenar seu lixo radioativo. É o que revela o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, divulgado qaurta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A publicação mostra que o único depósito adequado no país guarda, exclusivamente, rejeitos do acidente com Césio-137, que ocorreu em Goiânia, em 1987. O depósito fica em Abadia de Goiás (GO).
O lixo radioativo produzido pelas usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, cerca 2,08 mil metros cúbicos classificados como de alto nível radioativo, e os 13,7 mil metros cúbicos produzidos pelas industrias, hospitais e outras fontes, ficam armazenados de forma temporária em centros vinculados à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnem).
Os depósitos são considerados seguros e ficam no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais.
A falta de depósitos adequados é apontada pelo estudo com um constrangimento ao uso da energia nuclear no país. “É como se as pessoas guardassem lixo tóxico em casa. Por mais que o mantenha em segurança, o ideal é que o lixo vá para o local no qual será, definitivamente, armazenado”, explicou o pesquisador Judicael Clevelário, da Coordenação dos Recursos Naturais do IBGE.
Segundo o pesquisador, a questão é polêmica e envolve decisões políticas. “Você deve colocar [o lixo] em um local onde possa vigiá-lo, para ver o que está acontecendo, intervindo quando necessário, e ao mesmo tempo longe do alcance das pessoas. Aí entra a questão de quem quer um depósito perto de sua casa? Essa questão ainda não foi resolvida pelos canais responsáveis”, disse.
No Brasil, a maior parte do lixo radioativo fica em São Paulo, que armazena 36% da produção nacional. O Rio de Janeiro, mesmo com as usinas Angra 1 e Angra 2, fica com19% do total, e a Bahia, com 18%.
(Por Isabela Vieira,
Agência Brasil, 04/06/2008)