Porto Alegre abriga 44 morros que ocupam 12,3 mil hectares, correspondendo a 24% da área do município (52 mil hectares). Quatro deles – Santana, São Pedro, Teresópolis e o da Polícia - possuem uma área superior a mil hectares, sendo o Santana o mais alto, com 311 metros de altitude. Dos morros existentes, sete – São Pedro, Santana, Tapera, Agudo, Extrema, Ponta Grossa e Morro do Sabiá – contam com área de cobertura vegetal nativa entre 90% a 100% da área total. 'Em outros 12, a área de cobertura vegetal nativa está em 50', relata o secretário municipal do Meio Ambiente, Miguel Wedy.
A área de mata nativa nos 44 morros é de 4,5 mil hectares – 10% do território do município. 'Há morros que atuam como refúgio de espécies vegetais e animais, como a figueira e o bugio-ruivo', explica. De acordo com Wedy, isso ocorre porque nas áreas planas os processos de ocupação do solo para moradia e agricultura já estão em estágios avançados. O Morro da Extrema, juntamente com o Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, é considerado oficialmente como o limite Sul de distribuição da Mata Atlântica – ecossistema mais ameaçado do mundo. 'Isso dá ao Morro da Extrema, juntamente com o Morro São Pedro, uma importância global, planetária', enfatiza Wedy.
Existem lugares onde os aspectos naturais são ainda evidentes, uma vez que a ocupação urbana pode ser considerada quase nula. É o caso dos morros da Extrema, da Tapera, das Abertas e o Agudo. 'Alguns exibem maior grau de degradação ou elevado de ocupação em pelo menos uma de suas vertentes, com ênfase para os morros Santana, da Polícia e da Cruz', exemplifica. O secretário lamenta, porém, que em alguns locais ocorram queimadas nas encostas como é o caso dos morros Santana, Polícia, Teresópolis, Abertas, Tapera e São Pedro.
Em contrapartida, os morros Santana, Teresópolis, Abertas, Tapera, Polícia e São Pedro apresentam duas peculiaridades. Além de concentrarem os maiores percentuais de ocupação em áreas de risco geológico e geomorfológico em encosta, fazem parte de uma área de proteção ao ambiente natural. Alguns morros que, até a década de 70, atuavam como limite da expansão urbana, tornaram-se opções de moradia. 'Motivos não faltam para investir na conservação. Também não faltam problemas em relação à manutenção da integridade dos mesmos.' A maior ameaça para os morros da Capital é também um dos grandes desafios para o século XXI: a necessidade de moradias.
(Correio do Povo, 05/06/2008)