Uma pesquisa divulgada, ontem (04/06), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que 34,5 milhões de brasileiros vivem sem acesso à coleta de esgoto nas áreas urbanas. O número é o resultado de um crescimento de 3,2% na cobertura dos serviços de saneamento no país, em relação a 2001.
No entanto, coloca o país longe de alcançar o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que busca reduzir à metade a proporção da população sem acesso permanente a esgotamento sanitário até 2015. Já a meta de reduzir, em 50%, o número de pessoas sem acesso a água potável deve ser alcançado em breve, segundo a pesquisadora do Ipea, Maria da Piedade.
"Considerando que a proporção da população urbana com cobertura pelos serviços de abastecimento de água por rede geral canalizada no interior do domicílio era, em 1992, de 82,3%, a meta para 2015 é alcançar 91,2% da população urbana. Com o ritmo de crescimento, de 0,61%, entre 1992 e 2006, o Brasil logo deverá atingir a meta referente ao acesso à água potável nas áreas urbanas", disse Piedade.
Mas, também segundo o Ipea, o governo brasileiro busca alcançar, em quatro anos, a meta relativa a saneamento dentro do objetivo de garantir a sustentabilidade ambiental, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (Onu) como um dos Objetivos do Milênio.
A falta de saneamento adequado expressa, tanto em relação à região, quanto em relação à raça, as desigualdades e o preconceito no Brasil. De acordo com o Ipea, a falta de saneamento básico atinge seis vezes mais pessoas das cidades do Norte, e quatro vezes mais as do Nordeste, se comparadas à população do Sudeste. Mas foi na região Norte que houve o maior avanço no número de pessoas com acesso a saneamento básico: passando de 66,8% - em 2001 -, para 59,5%, em 2006.
Apesar dos 3,2% de avanço na cobertura dos serviços de saneamento terem sido, em maior parte, entre a população negra, é ela ainda que sofre "em uma proporção quase 2 vezes maior com a oferta insuficiente desses serviços, quando comparados com os brancos. De modo que as desigualdades também se fazem notar sob a perspectiva racial", acrescentou o estudo.
Os dados da pesquisa apontam que 73,2% dos brasileiros têm acesso simultâneo aos serviços de saneamento. Enquanto, os serviços de água canalizada chegam à taxa de 91%, os serviços de esgotamento sanitário alcançam 77,8% e a coleta de lixo beneficia 97,1% da população urbana brasileira.
Em relação à habitação, a pesquisa do Ipea disse que, para 13,2 milhões de pessoas, a razão de pessoas por dormitório é de três pessoas. Assim, há uma superlotação nos domicílios urbanos. Além disso, parte da população brasileira tem ônus excessivo com aluguel, porque mais de cinco milhões de indivíduos gastam mais de 30% da renda em aluguel. Enquanto a irregularidade fundiária atinge 7,6 milhões.
(Adital, 04/06/2008)