O arvoredo da Avenida Caçapava e da Rua Soledade está coberto pela chamada erva-de-passarinho, planta que se alimenta da seiva bruta do hospedeiro, podendo ser letal a longo prazo. Moradores do bairro temem pela segurança de pedestres, automóveis e fiação elétrica.
Segundo o gerente da Zonal Leste da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), Clóvis Breda, 25 árvores na Avenida Caçapava terão a erva retirada até o fim de julho. Já na Rua Soledade, os 12 vegetais infestados, todos de espécies exóticas, serão trocados por nativas, ainda sem data prevista.
- Na Rua Soledade, de cada três árvores, duas estão sucumbindo devido a trepadeiras e ervas daninhas - afirma o médico, morador de Petrópolis, Carlos Hoeltgebaum, que escreveu ao caderno.
Contatados pela reportagem do ZH Petrópolis, agentes da Smam realizaram vistoria no local, constatando que nenhum dos vegetais encontrados apresenta risco de queda.
Conforme Breda, a proliferação do vegetal é resultado do desequilíbrio do ecossistema. O grande número de espécies exóticas seria responsável pelo fenômeno. Em florestas nativas, por exemplo, é rara a presença da praga.
- Uma das hipóteses é que toda árvore fora de seu hábitat natural ficaria mais suscetível a doenças - explica.
É preciso considerar que a erva-de-passarinho também tem importância ecológica. Como o próprio nome diz, seus frutos são alimento muito apreciado pelos pássaros, que ajudam a dispersar as sementes.
Além disso, quando hospedada em árvores nativas, sua presença não resulta tão impactante. Classificada como hemiparasita, não se alimenta exclusivamente da seiva da árvore suporte, mas realiza fotossíntese. Por outro lado, pela grande quantidade de folhas, acaba competindo com sua hospedeira na captação da luz.
É padrão trocar exóticas por nativas
Para ilustrar a incompatibilidade entre essa espécie, nativa do Rio Grande do Sul, e outras exóticas, Breda cita os plátanos da Rua Caçapava. Do tipo caducifólia, que perde as folhas no outono, o plátano necessita de um período de dormência, que se estende até o fim do inverno. Quando infestada pela hemiparasita, a árvore é obrigada a continuar trabalhando.
Seguindo as normas do Plano Diretor de Arborização Urbana, a Smam tem como procedimento padrão trocar árvores exóticas por nativas sempre que possível. Quando se trata de exemplares de maior relevância, como os plátanos da Caçapava, que formam um conjunto estético, a secretaria recorre à remoção da erva.
De acordo com Breda, as pessoas seguidamente confundem a erva-de-passarinho com epífitas, como samambaias e bromélias, que se fixam nos galhos mas se alimentam do depósito de material orgânico, sem causar danos. Além do formato das folhas ser distinto, outro diferencial da hemiparasita é que sua folhagem pende para baixo, presa a caules flexíveis e longos.
(Zero Hora, caderno do bairro Petrópolis, 05/06/2008)