O presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, disse que muitas indústrias do norte da Itália enviaram resíduos "tóxicos muito perigosos" à região de Campânia (sul), que vive uma emergência pelo acúmulo de lixo, com uma "ativa participação da Camorra", a máfia napolitana.
"As atas da comissão parlamentar sobre o tráfico (ilegal) de lixos falam de envios sistemáticos de resíduos tóxicos muito perigosos a partir das indústrias do norte à Campânia, com uma ativa participação da Camorra", disse o chefe do Estado em Nápoles, capital da região, informou a imprensa local.
Esta circunstância, para Napolitano, "deveria fazer a opinião pública das regiões do norte refletir", já que, em sua maioria, se negaram a receber e tratar os lixos acumulados em Campânia. O presidente da República, que visitou hoje a cidade, pediu "compreensão e disponibilidade" aos cidadãos perante as medidas que estão sendo adotadas para tentar resolver a crise pelo acúmulo de toneladas de lixo nas ruas.
Desde que, em 21 de maio, o Executivo de Silvio Berlusconi anunciou os locais onde serão construídas as incineradoras para eliminar os resíduos, vários protestos, que às vezes acabaram em choques com a Polícia, foram registrados na periferia de Nápoles próximas ao futuro lugar dessas instalações.
Napolitano reconheceu que houve "erros e atrasos" em diferentes níveis da Administração e admitiu a utilidade de dar "explicações" aos cidadãos, mas afirmou que, dada a gravidade da situação, "não se pode distorcer, não se pode eludir a necessidade de um desbloqueio imediato (das medidas previstas) para a emergência dos lixos".
O presidente da República disse que comprovou como Nápoles tem "consciência" de que é preciso aproveitar a "eficaz" e "decidida" atuação da Promotoria contra a Camorra, culpada em parte pela crise pelo tráfico ilegal de resíduos, para "resolver a emergência dos lixos".
Napolitano se mostrou convencido de que existe um sentido de "co-responsabilidade" entre as Administrações públicas, os responsáveis judiciais e as forças de segurança para acabar com a crise, e se comprometeu a intervir para aumentar os meios dos quais dispõem a Promotoria e os juízes. EFE ddt/db
(Efe, Ultimo Segundo, 04/06/2008)