Em seu primeiro discurso após reassumir o mandato, a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PT-AC), criticou o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), afirmando que o "erro é combater o que está funcionando e o acerto é apoiar as práticas de desenvolvimento sustentável". Na sua avaliação, Blairo Maggi não deveria ter questionado as medidas de controle que foram adotadas em sua gestão. "A cada ano que o desmatamento caiu, foi um trabalho conjunto - foram 13 ministérios trabalhando juntos. Mas esse esforço não poderia ser perdido agora. Quando em agosto acendeu a luz vermelha do aumento do desmatamento, não era para Blairo Maggi questionar as medidas, mas para trabalhar junto."
Agora como senadora, Marina Silva criticou "manobras" para revogar resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que limita o crédito a municípios do bioma Amazônia, de forma a evitar o desmatamento. "Nada de revogar a resolução do Conselho Monetário, nem a redução das reservas legais da Amazônia", afirmou, ao se referir à regra que obriga toda a propriedade de manter intactos 80% de reserva.
Marina Silva defendeu uma ação conjunta para a Amazônia e desabafou: "Descobri que a melhor forma de ajudar os governos não é fazendo política de governo, mas política de País. Não faço política pensando nas eleições", afirmou. Ela ressaltou também que sempre considerou que "a causa é maior que o cargo".
A senadora destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se comprometeu a não mexer na política ambiental. Não escondeu, porém, uma divergência com o presidente sobre o diagnóstico em relação aos problemas do País. "Discordo que o problema do Brasil é a elite", afirmou ela, referindo-se à tese repetida diversas vezes por Lula que atribui às elites o atraso do País.
O discurso de Marina Silva, feito de improviso, concentrou todas as atenções do plenário do Senado, que ouviu atento às suas palavras. Entre os presentes estava o deputado Sarney Filho (PV-MA), que foi antecessor de Marina no Ministério do Meio Ambiente. Marina, inclusive, elogiou a gestão de Sarney Filho, ressaltando a medida provisória "corajosa" que fixou em 80% a área de reserva legal na Amazônia.
(G1, 04/06/2008)