A caatinga representava apenas 0,9% da área das unidades de conservação federais de proteção em 2006
O levantamento Indicadores do Desenvolvimento Sustentável Brasil 2008 (IDS), divulgado nesta quarta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com cruzamento de dados de 60 pesquisas feitas entre 2002 e 2004, mostra que a Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, e os Campos Sulinos são os que possuem menos unidades de conservação. Os biomas Pantanal e Caatinga não tiveram aumento em sua área protegida por unidades de conservação federais.
A caatinga representava apenas 0,9% da área das unidades de conservação federais de proteção integral em 2006. O pantanal, menos ainda: 0,6%. Já o bioma amazônico, 80,3%. Em relação às unidades federais de uso sustentável, a caatinga detinha 2,1% da área protegida, ante 54,9% de participação da Amazônia.
"O tamanho e o número de unidades de conservação na Amazônia distorce a realidade brasileira, pois, para a maior parte dos biomas, a área protegida é relativamente pequena e fragmentada. Portanto, um grande esforço para aumentar o tamanho e o número de áreas protegidas nos biomas extra-amazônicos ainda precisa ser feito no Brasil", avalia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, divulgado nesta quarta-feira, 4.
Para proteger a "maior biodiversidade do planeta", o País destinava em 2006 área de 712,6 mil quilômetros quadrados a unidades de conservação federais - 8,3% do território. Em relação a 2003, o total de unidades cresceu de 251 para 299, e a área protegida também aumentou (era de 552,7 km2 em 2003, ou 6,5% do território).
O cerrado, que em 2006 tinha 11,9% da área das unidades de proteção integral e 31,9% das de uso sustentável, foi durante muito tempo, segundo os pesquisadores, encarado apenas como região a ser ocupada pela agropecuária. "Desta forma, a maior ameaça vem da expansão da fronteira agrícola. O pantanal pode ser entendido como uma extensão do cerrado em área sujeita a inundação periódica, e as maiores ameaças a este bioma vêm do turismo não controlado, da captura de animais silvestres, da ocupação agrícola das cabeceiras dos afluentes do Rio Paraguai e das obras de regularização e barragens na bacia deste rio", diz o IBGE. No estudo, os pesquisadores avaliam como "essencial" a proteção das áreas de cabeceira dos rios no bioma.
Um dado positivo do estudo, segundo os pesquisadores, é o crescimento das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). Havia 93 RPPNs em 1996, com área de 867 quilômetros quadrados, e, dez anos depois, 426, com 4.401 km2. O maior aumento, em termos territoriais, ocorreu no pantanal (247 km2), embora numericamente tenham sido criadas mais RPPNs na Mata Atlântica (aumento de 17 km2). "O número de área protegidas está crescendo, e na melhor das unidades, aquela de uso sustentável, que garante que a população não vai ser retirada do local", afirma o biólogo Judicael Clevelario Junior, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo.
(Por Felipe Werneck e Wilson Tosta, Agência Estado, 04/06/2008)