No próximo sábado (7) será comemorado o Dia de Luta dos Catadores de Materiais Recicláveis. Em todo o País, a categoria promete se manifestar. No Estado, um ato público será realizado na Praça Oito, no centro de Vitória, das 8h às 12h, para reivindicar áreas destinadas ao estoque dos materiais, assim como o combate à marginalização da profissão.
Segundo os catadores, a categoria luta por melhores condições de vida e atuam unidos com o meio ambiente, já que coletam e recuperam diariamente o lixo jogado fora por toda a população capixaba.
Entre os principais desafios desta categoria estão o uso do carrinho que não é próprio, a venda do material sem critérios de preços, a disputa de lixo nos bairros, e a falta de equipamentos de segurança.
Para alertar sobre estes problemas, o ato público contará também com apresentação cultural sobre o trabalho dos catadores e o lançamento do "Ato em Defesa da Vida", que é um protesto assinado por catadores de Vitória.
Na Assembléia Legislativa também haverá a "Feira de Materiais Recicláveis", que irá expor o trabalho de dez organizações de catadores de lixo da região da Grande Vitória como fotos, blusas, bolsas, tapetes e variedades de objetos confeccionados com materiais recicláveis.
A exposição faz parte do I Encontro Educativo em Reconhecimento ao Dia do Catador, proposto pelo deputado Cláudio Vereza (PT). O principal objetivo é mostrar para a sociedade e para o Poder Público a importância do trabalho sócio-ambiental realizado pelos catadores de lixo e propor uma reflexão em busca de alternativas e iniciativas que possam culminar em políticas públicas de inclusão social.
Os catadores ressaltam que eles também criaram uma alternativa para o desemprego, ressaltando que é do lixo reciclável que conseguem sustentar suas famílias. Cada catador ganha em média R$ 278 por mês. Sua função é coletar os materiais recicláveis na rua, levar ao depósito, para então vender para a indústria ou centros de pesquisas.
Ao todo, só na Grande Vitória há 627 catadores de lixo reciclável. Deste total, apenas 5,74% dos catadores de lixo são organizados; 80,39% são ligados a ferro velho ou sucateiros, e 13,87% são autônomos, ou seja, possuem seu próprio carrinho para catar o lixo e vender para quem lhes oferece mais dinheiro.
Além da marginalização e da falta de locais apropriados para estocar o material recolhido, estes catadores correm diversos riscos de saúde e reclamam do perigo de atropelamento nas ruas da cidade. Há ainda a falta de indústrias de reciclagem no Estado.
Para os especialistas em lixo reciclável, organizar a cadeia que liga o catador ao transporte, estocagem e até à indústria beneficia estes trabalhadores, que passarão a se organizar através de cooperativas. Também incentiva novos estudos e investimentos na área; beneficia pequenas empresas capixabas; gera empregos; profissionaliza a categoria e, sobretudo, dinamiza a economia local.
Na Grande Vitória, há apenas três organizações na área de lixo seco ou reciclável. São elas: a Associação dos Catadores de Material Reciclável de Vitória (Ascmares), a Associação dos Catadores de Material Reciclável de Vila Velha (Ascavive) e a Recuper-lixo, situada no município da Serra. Dos 627 catadores de lixo da Grande Vitória, apenas 49 estão associados a uma destas organizações.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 04/06/2008)