Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente entidades de Santa Cruz alertam mais uma vez para um hábito que pode proporcionar muitas mudanças: a adoção da sacola ecologicamente correta. “O lixo é um dos maiores responsáveis pelos problemas que temos na atualidade. E as sacolas plásticas estão relacionadas com isso, pois não se decompõem facilmente”, lembra Sighard Hermanny, representante da Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale).
Menos de 10% das cidades brasileiras têm hoje o serviço de coleta seletiva de lixo e, por isso, são importantes as iniciativas de implantar embalagens que provoquem menor impacto ambiental. Para se ter uma idéia, cada sacola plástica comum leva cerca de 400 anos para se decompor. E em Santa Cruz são utilizadas cerca de 4 milhões por mês somente nos supermercados, o que significa quase 50 milhões por ano.
Para diminuir o impacto dessas embalagens no ambiente diversas entidades têm implantado iniciativas em Santa Cruz. Em dezembro de 2007 a Ecovale lançou o primeiro lote das Sacolas dá Vida, embalagens de pano que têm o objetivo de substituir as plásticas nas compras do dia-a-dia. “Começamos com 500 unidades que foram vendidas nos primeiros meses deste ano. Depois fizemos o segundo lote, com 300, que já esgotou. Agora estamos começando a produção do terceiro.” As sacolas são oferecidas por R$ 10,00.
Além da cooperativa de agricultores, a Rede Vivo de Supermercados tem distribuído sacolas retornáveis aos consumidores. As lojas do grupo no Estado já repassaram 250 mil unidades em apenas cinco meses. “Se a pessoa retornar ao mercado com a embalagem e gastar mais R$ 20,00 ainda ganha um cupom para concorrer a prêmios especiais. A nossa idéia é chamar a atenção para que esse hábito se torne popular”, comenta o gerente da rede em Santa Cruz, Henrique Dias. “O sorteio acontece no dia 28 deste mês, mas depois disso vamos continuar com a distribuição. Sabemos que o uso das sacolas plásticas é muito discutido e pode acabar. Com essa campanha já estamos dando um passo à frente.”
Iniciativas
As embalagens são importantes, como forma de transporte da mercadoria e até mesmo como meio de propaganda. Mas algumas atitudes podem ser tomadas para que os artigos tão utilizados sejam também coerentes com o ambiente. Confira algumas dicas:
- Pense sobre o tamanho da embalagem: muitas vezes um saquinho de papel pode ser suficiente para abrigar o produto, o que dispensa a sacola plástica, que é mais poluente.
- A marca da sua empresa também pode ser divulgada em sacolas ou caixas reaproveitáveis para transporte de compras.
- Ofereça vantagens a quem faz o uso das embalagens retornáveis, como descontos, sorteios de brindes e caixa exclusivo.
- Disponibilize uma central de coleta para embalagens e destine para a reciclagem o que arrecadar.
Exemplo
No dia 12 de maio o prefeito de Florianópolis, Dário Berger (PMDB), sancionou a lei 7.627, de autoria do vereador João Batista Nunes (PR). A norma dispõe sobre a substituição das sacolas e sacos plásticos no transporte de mercadorias por embalagens ecológicas confeccionadas em papel, tecido e material oxi-biodegradável. A troca deve ocorrer em empresas públicas e privadas nas seguintes formas: 4% em quatro meses; 80% em oito meses e 100% em um ano. Caso sejam mantidas as sacolas plásticas, conforme o artigo 3º da lei, devem se degradar ou desintegrar por oxidação em fragmentos em no máximo 18 meses. A fiscalização vai ser feita pela vigilância sanitária do município.
Plástico bom
Desde o ano passado o Colégio Marista São Luis vem trabalhando em um projeto de lei para promover a substituição das sacolas de plástico comum pelas feitas com material oxi-biodegradável. Para enviar o projeto à Câmara de Vereadores são necessárias 4 mil assinaturas da comunidade e, até o momento, a escola conseguiu 3,5 mil. Mas para poder tornar o projeto realidade os idealizadores já estão procurando outros meios e têm feito contatos com a Prefeitura. Em recente encontro representantes de uma fábrica de sacolas estiveram na cidade para apresentar as vantagens do produto. “O preço é realmente um pouco maior do que o normal. A diferença varia de R$ 0,01 a R$ 0,50 por sacola, dependendo do uso a qual se destina”, comenta um dos coordenadores do projeto, Ubirajara de Almeida. “No entanto, ela é mais forte, o que diminui a quantidade utilizada em algumas compras.” Quem quiser conhecer as embalagens pode ir à escola a partir de amanhã. Serão disponibilizadas algumas unidades.
(Por Caroline Scortegagna, Gazeta do Sul, 04/06/2008)