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aracruz/vcp/fibria eucalipto celulose e papel
2008-06-04

A degradação de nascentes e rios e destruição de matas nativas no município de Aracruz foi registrada em detalhes por estudo feito pela Associação de Geógrafos Brasileiros, seção Espírito Santo. O estudo aponta assoreamento dos cursos d’água, contaminação das águas, a destruição dos rios. “O rápido crescimento urbano da sede de Aracruz produziu grande quantidade de esgoto, que passou a ser despejado sem tratamento nas nascentes dos rios e córregos próximos da área urbana, entre eles os rios Sahy e Guaxindiba. Essa evacuação in natura dos esgotos, somada a outras intervenções, como o represamento, desmatamento, produtos químicos e obstrução dos leitos por obras de engenharia para as estradas de transporte de eucalipto, acabaram com a vida desses rios”, diz o documento.

Os índios tupiniquins e guaranis conseguiram no ano passado a declaração de posse de 18 mil hectares ocupados pela Aracruz. Mas receberam de volta uma terra degradada. Eles ainda não decidiram o que fazer com os tocos de eucaliptos quando a Aracruz retirar a madeira para produzir celulose. Se tirarem os tocos, restarão os buracos. Nas proximidades da aldeia de Caieiras Velhas, o riacho Sossego está completamente seco. As encostas, tomadas por tocos de eucaliptos.

O tupiniquim Lauro Martins, 51 anos, afirma que a nascente era nas proximidades. “Começaram a derrubar o mato em 1970, com trator na chapada e a machado nas encostas. Logo, as nascentes começaram a secar. Antes, dava peixes como traíra, jundiá, piaba. Com os eucaliptos, secou tudo.”

Segundo os cálculos da associação de geógrafos, a quantidade de água consumida diariamente pela Aracruz Celulose localizadas na Barra do Riacho, no processamento e branqueamento da celulose, aproxima-se dos 250 mil metros cúbicos, o que eqüivale ao consumo diário de uma cidade de 2,5 milhões de habitantes. Questionada pelo Correio, a empresa não respondeu quanto consome de água, mas informou que, na unidade Barra do Riacho (ES), possui “abastecimento próprio” por represa de 47 milhões de m³ de água.

Domínio
O estudo afirma que o projeto Aracruz Celulose “está baseado na apropriação dos recursos hídricos por meio do domínio da terra. Nessa perspectiva, o controle dos recursos hídricos é peça fundamental para a existência e expansão deste empreendimento. O domínio desses recursos se dá pelo monopólio da terra, pelo crescimento urbano e pelas atividades industriais”. O trabalho foi coordenado pelo professor Paulo Scarim, na Universidade Federal do Espírito Santo.

As conseqüências da transposição do Rio Doce também foram analisadas pelos geógrafos. Eles relatam que, na saída do rio para o canal artificial foi construída uma eclusa, que controla a quantidade de água que entra no canal. Ao longo desse duto existem outras eclusas que controlam a vazante da água. Essas eclusas comandam, portanto, o regime dos rio Comboios e Riacho de acordo com a necessidade da produção da fábrica.

“Dessa forma entende-se a inundação constante das terras indígenas de Comboios, a mudança da qualidade das águas e a diminuição  dos peixes. De um regime fluvial natural de cheias e vazantes derivou-se um regime industrial”, diz o estudo. Fotos aéreas de 1965, antes da chegada da empresa, demonstram que a região detinha a maior parte de sua área coberta pela Mata Atlântica.

A análise dos estudos de impacto ambiental feitos em 1987 pelo Instituto Tecnológico da Universidade Federal do Espírito Santo afirma que, “por meio da análise de fotos aéreas obtidas em 1970, verificou-se que pelo menos 30% do município de Aracruz era coberto por floresta nativa no início da década de 1970, que foi substituída por florestas homogêneas de eucalipto”.

O plantio nos territórios indígenas foi iniciado em 1967 pela Vera Cruz Florestal. Pouco tempo depois, foi criada a Aracruz Florestal (Arflo, que cuidava especificamente dos plantios da Aracruz. No início da década de 1970, é criada a fábrica Aracruz, que começou a produção de celulose com capacidade de 470 mil toneladas/ano.

Em 1971, o biólogo Augusto Ruschi denunciava que espécies nativas da Mata Atlântica estariam sendo destruídas pela empresa: “As presentes espécies eram abundantíssimas nas matas que ligavam Santa Cruz a Aracruz, onde foram feitas e ainda continuam as derrubadas com dois tratores em paralelo, ligados por um correntão, que avançam sobre a floresta virgem e levam tudo de roldão. A cada dia são centenas de hectares, e após um mês, recebem fogo. Logo, com a calagem do terreno, vem o plantio do eucalipto”.

(Por Lúcio Vaz - Correio Braziliense*, Eco Agência, 03/06/2008)
 


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