Uma ferramenta genética utilizada por biomédicos poderá também ser utilizada em uma nova técnica para eliminar micróbios e vírus nocivos da água potável.
Limpeza genética
Em uma série de provas de conceito, uma engenheira da Universidade de Duke, Estados Unidos, demonstrou que pequenas fitas de material genético podem alvejar com eficácia a porção equivalente de um gene em um fungo comumente encontrado na água, fazendo com que ele pare de funcionar.
Se essa nova abordagem puder ser aperfeiçoada, a pesquisadora acredita que ela poderá servir como a base para um dispositivo para ajudar a resolver o problema do suprimento de água potável em países do Terceiro Mundo que não possuem estações de tratamento de água.
Interferência por RNA
A tecnologia, relativamente nova, conhecida como RNAi (interferência por RNA), utiliza pequenos fragmentos de material genético que coincidem - como uma chave e uma fechadura - com um segmento correspondente de um gene no alvo.
Quando esses fragmentos entram em uma célula e se ligam ao segmento correspondente, eles podem inibir ou bloquear a ação do gene alvejado. Esta abordagem está sendo cada vez mais usada na pesquisa biomédica, mas até agora não havia sido aplicada a questões ambientais.
Ameaças à água potável
"Patógenos, sejam bacterianos ou virais, representam uma das maiores ameaças à água potável nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos," comenta Sara Morey, que está fazendo seu doutoramento. "Nossos dados mostraram que nós podemos silenciar a ação de um gene específico em um fungo na água, o que nos leva a acreditar que a RNAi é promissora como uma ferramenta de silenciamento genético para controlar a proliferação de bactérias e vírus contidos na água."
Os métodos atualmente mais utilizados para o tratamento de água - o cloro e a luz ultravioleta - podem ser caros e os resultados do tratamento podem afetar o sabor e o cheiro da água.
Sabor e cheiro da água tratada
Embora esses métodos venham sendo empregados por anos, os problemas começam a aparecer assim que a água tratada entra pelo sistema de distribuição, onde os patógenos também estão presentes. Por essa razão, freqüentemente a água recebe uma carga excessiva de cloro na estação, para que o elemento permaneça em concentração suficiente nos canos para neutralizar os elementos patogênicos.
Isto explica porque as pessoas que vivem nas proximidades de uma estação de tratamento sentem mais o cheiro e o sabor do cloro do que aqueles que vivem mais distantes dela. A pesquisadora afirma que muitos patógenos estão desenvolvendo resistência aos efeitos do cloro e da luz ultravioleta, o que torna necessário o desenvolvimento de novas opções.
A luz ultravioleta, embora eficaz na neutralização dos elementos patogênicos na estação de tratamento, não tem mais efeito assim que a água é bombeada para fora da estação.
(Por Richard Merritt, Inovação Tecnológica, 04/06/2008)