Ex-ministra do Meio Ambiente falou pela primeira vez após volta ao Senado.
Ela afirmou que governo precisa manter medidas enérgicas para conter destruição.
O governo deve reforçar as medidas tomadas no começo do ano para conter a destruição da Amazônia, afirmou nesta terça-feira (3) a ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva (PT-AC), em seu primeiro pronunciamento após pedir demissão do governo. Marina comentou os dados de desmatamento apresentados nesta segunda (2) pelo Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Segundo o Inpe, o estado do Mato Grosso lidera o índice de desmatamento. Em abril, a Amazônia perdeu 1.123 quilômetros quadrados de floresta, o equivalente à área da cidade do Rio de Janeiro. Cerca de 70% das áreas desmatadas estão em Mato Grosso.
“Desde setembro do ano passado notamos uma tendência maior de desmatamento na Amazônia. O que aconteceu ontem [segunda] só reforça que as medidas tomadas pelo governo estão acertadas. Temos que reforçar essas ações ainda mais agora durante o período eleitoral, quando muitos entes federativos têm dificuldade de manter os convênios com o governo federal. Isso já aconteceu no Mato Grosso, onde o governador [Blairo Maggi] retirou o apoio da Polícia Militar nas nossas ações”, disse Marina.
A ex-ministra não perdeu a oportunidade de criticar Maggi, afirmando que ele está equivocado quando tenta derrubar o decreto presidencial que restringe o crédito para produtores de 36 municípios considerados os maiores desmatadores da Amazônia.
O decreto obriga que os produtores desses locais façam um novo cadastro junto ao Incra para ficarem aptos a novos financiamentos nos bancos.
O G1 tentou contato com o governador para comentar as declarações da ex-ministra, mas ele estava em agenda oficial na região do Araguaia. Sua assessoria informou que tentaria falar com ele.
Na segunda-feira, o governador contestou os dados do Inpe. "O Mato Grosso aparece com número maior [de devastação], mas é o estado da Amazonia que teve a maior cobertura verificada. Nós tínhamos apenas 14% do território com nuvens, enquanto os outro estados, ao contrário, só tinham 11% aberto. O que interessa mesmo é o número no final do ano, onde vai dar o desmatamento total, de agosto a agosto, e tenho certeza absoluta de que o estado do Mato Grosso não será o campeão do desmatamento", afirmou.
O secretário de Meio Ambiente do estado, Luiz Felipe Daldegan, foi na mesma linha. Ele afirmou que o índice total de desmatamento no estado este ano deve ficar abaixo do registrado no ano passado.
Maggi é contra o decreto e pede uma revisão da regra sob o argumento que haverá quebra de safra caso o governo não reveja sua posição. "Temos é que apoiar e reforçar a fiscalização na lista de municípios estabelecida no decreto, ao invés de ficar contra como faz o governador do Mato Grosso", salientou.
(Jeferson Ribeiro, G1, 03/06/2008)