Cinco funcionários do Incra (dois) e da Funai (três) estão há quatro dias reféns dos índios cricatis na aldeia São José, em Montes Altos (MA). Eles faziam levantamento fundiário e avaliação dos valores das benfeitorias para a regularização da reserva e foram impedidos de deixar o local pelos índios.
Os cricatis, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), cobram mais agilidade na retirada dos não-índios que estão na terra indígena Cricati. O órgão diz que cerca de 80 posseiros estão na área.
O Ministério Público Federal no Maranhão informou que a decisão judicial que determinou a ampliação dos limites da terra indígena é de abril de 1998. O trabalho de regularização da área começou em 2000. Até agora, não foi concluído.
Lideranças cricatis estiveram reunidas hoje em Brasília com a diretoria de Assuntos Fundiários da Funai para discutir o assunto. Até o final da tarde, não havia informação sofre a liberação dos reféns.
A Funai diz que os técnicos estão sendo bem tratados pelos índios e não sofreram violência. A Folha não conseguiu falar com os cricatis hoje.
Para o Ministério Público Federal, a ausência de agentes acompanhando os técnicos do Incra e da Funai atrasou o levantamento, que deveria ter acabado na sexta-feira. A promotoria diz que já fez dois pedidos para que a PF enviasse policiais para acompanhar a tarefa, mas não houve resposta.
O superintendente da PF no Maranhão, Gustavo Gominho, diz que não tinha informação sobre os pedidos, mas que muitas vezes não há contingente disponível para essas ações.
Segundo Gominho, há policiais federais do Maranhão participando da operação Arco de Fogo, para combater desmatamento na Amazônia, e de operações da FNS (Força Nacional de Segurança) em Roraima, na reserva Raposa/Serra do Sol.
(Por Sílvia Freire, Folha Online, 03/06/2008)