Os estados do Rio, São Paulo, Paraná e Minas Gerais concentram 61% das indústrias com maior potencial de emissão de gases poluidores no Brasil, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado nesta terça-feira.
O mapeamento identificou as regiões com mais indústrias que trabalham com processos poluentes --metalurgia, refino de petróleo, celulose e minerais, de acordo com metodologia do Banco Mundial--, mas não realizou medições de contaminação nas áreas.
No Rio, os pesquisadores mapearam todas essas indústrias e, com base em seu números de funcionários, identificaram o tamanho de cada empresa e potencial poluidor. Para estabelecer parâmetros para os dados fluminenses, estimativas mais simplificadas foram realizadas para os parques industriais de São Paulo, Minas e Paraná. A intenção era saber se os números do Rio são altos ou baixos em relação aos outros Estados.
O estudo divulgado hoje é um projeto piloto para outro que medirá (nos próximos dois anos) a poluição real em todos os Estados do país, com aferições da quantidade de poluentes e não apenas dados do potencial poluidor. A meta é, com esses dados, direcionar recursos para o combate à poluição nessas áreas.
"Existem Estados hoje que não têm nem noção dos gases poluentes que contêm", disse a pesquisadora de recursos naturais e estudos ambientais do IBGE Rosane Moreno.
Concentração
De acordo com os dados do IBGE, feitos com informações levantadas em 2005, São Paulo concentra 22% das indústrias com maior potencial de emissão de gases poluentes no Brasil. O percentual paulista é o maior, à frente de Minas Gerais (21%), Rio (9%) e Paraná (9%).
Apenas no Estado do Rio, no entanto, o mapeamento das indústrias foi feito. De acordo com o levantamento, a capital fluminense tem um quarto das indústrias com maior potencial de emissão de PM10 (particulados finos, um tipo de agente poluidor) e 30% de SO2 (dióxido de enxofre). Esse dois agentes são os mais emitidos por indústrias fluminenses, segundo o estudo.
Atrás da capital fluminense, está o município de Volta Redonda, na região do Médio Paraíba, com 21% das indústrias com potencial emissão de PM10 e 13% de SO2. Mesmo pequeno e em uma região pouco industrial (serrana), o município de Cantagalo foi o terceiro da lista por ter muitas fábricas de cimento e, com isso, ser um potencial poluidor de PM10 (18%), de acordo com o IBGE.
Esses três municípios (Rio, Volta Redonda e Cantagalo) concentram 64% do maior potencial de emissão de PM10, que é considerado pela pesquisadora Rosane Moreno o mais prejudicial para a saúde da população, sobretudo crianças e idosos.
'Sabemos que as indústrias do Rio vêm melhorando seu desempenho no controle das emissões de gases poluentes, mas mesmo assim merecem fiscalização contínua porque têm uma natureza poluidora', afirmou a pesquisadora.
As indústrias automobilísticas, que estão presentes na região fluminense do Médio Paraíba, ficaram de fora desde levantamento por não constarem na metodologia do Banco Mundial. A idéia, segundo Moreno, é incluí-las na próxima etapa do estudo.
(Por Luisa Belchior, Folha Online, 03/06/2008)