Segundo dados da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), o Estado possui apenas 4% de seu território coberto por sistema coletivo de esgoto e tratamento. A informação confirma uma realidade de anos que atinge os moradores não apenas da capital como de outras regiões paraenses. A ratificação também se comprovou com recente pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Estatísticas (Ipea), divulgada semana passada, que mostrou que metade da população paraense (52,3%) não possui água tratada: totalizando 3,6 milhões de pessoas. Num trecho da área chamada Tucunduba, no bairro de Canudos, a dificuldade de se obter a água foi driblada pelos moradores da rua Roso Danin. Eide Martins, 26, disse que ela e a maioria dos vizinhos tiveram que recorrer a uma bomba “meio que artesanal”.
“Da rua, não temos água, só lavamos e conseguimos cozinhar se ligarmos a bombinha”, afirmou a dona-de-casa. Martins conta que o equipamento é comprado ao preço médio de R$ 30,00, mas não dura por muito tempo. O governo do Estado para melhor atender a população lançou e já investe no “Água para Todos”, programa que pretende beneficiar cerca de 200 mil famílias paraenses com água tratada até o final de 2010, num total de um milhão de pessoas atendidas.
Com isso, o atendimento de saneamento sairia dos atuais 48% para 63%, um ganho de 15 pontos percentuais. O governo estadual tem hoje 1 bilhão e 300 milhões de reais, via recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, muitos deles já liberados em obras de saneamento e abastecimento de água.
São necessários R$ 7 milhões para superar déficitSegundo Eduardo Ribeiro, presidente da Cosanpa, há quatro anos a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária apontou que o Brasil precisaria de 180 bilhões de reais para responder aos déficits acusados na pesquisa do Ipea. No Pará, seriam necessários, anualmente, 7 milhões de reais. “Atualmente dispomos de 400 milhões de reais para execução de obras de saneamento e abastecimento de água, em convênios com importantes prefeituras, como Marabá, Ananindeua, Belém e Marituba”, revelou Ribeiro. Até o final de 2008, estão previstas a construção de sistemas de abastecimentos em Igarapé-Miri, Itaituba, Altamira, Dom Eliseu, Oriximiná e Monte Alegre. Outra frente de atuação para melhorar o atendimento de dona Eide, de Canudos e das regiões paraenses, é gerida pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano (Sedurb).
A secretária Suely Oliveira esteve em Brasília para levar para a bancada federal, a necessidade de novos recursos com vistas a aumentar a cobertura da rede de esgoto e abastecimento de água no Pará. O Marajó é uma das regiões prioritárias do governo estadual, apesar de ter 28 obras do Alvorada paralisadas.
(Diário do Pará,
Amazonia.org.br, 03/06/2008)