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2008-06-03
Uma nova técnica para aumentar a imunidade dos cacaueiros à vassoura-de-bruxa - que emprega a sacarose - poderá permitir a salvação de cerca de 20 mil hectares de mata atlântica no Espírito Santo. A mata nativa é essencial para o sombreamento do cacau, formando a chamada cabruca. A produção do cacau emprega aproximadamente quatro mil pessoas no Estado.

A técnica foi desenvolvida na Bahia, e já vem sendo adotada por alguns produtores no Estado. Sua aplicação exige clima apropriado. Seu uso deverá ser testado também em outras espécies, como no cupuaçu (Theobroma grandiflorum:. Sterculiaceae), planta nativa do Pará, que também pode ser contaminada com vassoura-de-bruxa.

O pesquisador Deraldo Ramos Vieira, do Centro de Pesquisas do Cacau (Ceplac/Cepec), foi quem desenvolveu a técnica denominada de "Indução de Resistência Sistêmica para o Controle da Vassoura-de-Bruxa em Cacaueiros".

O especialista, segundo publicação da Ceplac, desenvolveu tecnologia que "consiste na ativação do sistema de defesa da planta contra agentes externos bióticos ou abióticos com aplicação de sacarose".

Ele identificou "uma molécula simples, a sacarose, que, na concentração de 0,45 Molar induz a resistência da planta do cacaueiro contra a vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo Moniliopthtora perniciosa". O fungo causou estragos na produção do cacau na Bahia, reduzindo a produção de cacau de cerca de 400 mil toneladas para menos de 100 mil toneladas naquele estado. O fungo chegou ao Espírito Santo há alguns anos.

Segundo publicação da Ceplac, "a indução de resistência à vassoura-de-bruxa foi provocada com a aplicação de 2,5 ml/planta via injeção no tronco em dose única ou pulverização foliar de 10 a 15 ml/planta, com três a cinco aplicações ao ano, a depender das condições climáticas e epidemiológicas da plantação, sem perda de eficiência".

E que "os resultados mostram uma redução de 70% de infecção em vassouras vegetativas e almofada e 80% na infecção de frutos". A injeção no tronco pode ser realizada com seringa plástica comum, a uma altura de 80 centímetros do solo e a pulverização pode ser feita com um pulverizador costal manual".

E que "além da eficiência do referido indutor, também foram considerados os seguintes aspectos: baixo custo do produto, o que facilita sua utilização pelo pequeno produtor; baixo a nulo impacto ambiental, por não ser tóxico para o homem e nem agressivo ao meio ambiente; protege o sistema foliar contra alguns insetos herbívoros; fácil aquisição; estimula o florescimento do cacaueiro; recupera áreas degradadas por ataques de pragas; tem ação no Ceratocystis fimbriata e é compatível com agricultura orgânica".

A nova técnica para tratar o cacaueiro permitindo combater a vassoura-de-bruxa já vem sendo empregada por alguns produtores, como informou nesta segunda-feira (2), o vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária (Faes), João Calmon Soeiro, ele próprio produtor.

Ele assinalou que pessoalmente já repassou informações sobre a técnica para alguns produtores, destacando que sua aplicação deverá ocorrer a partir de setembro. Disse que a alternativa poderá permitir a salvação da cultura, associada à manutenção da mata nativa principalmente no baixo Rio Doce.

A grande vantagem no emprego da sacarose para aumentar a imunidade do cacaueiro é o baixíssimo custo, e deverá ser uma opção ao uso do clone de espécies resistentes à vassoura-de-bruxa. A maioria dos clones vem da Bahia, embora alguns produtores capixabas já os produzam no Espírito Santo.

João Calmon Soeiro afirmou que com a nova técnica, é possível voltar a antigos métodos de produção. Ele próprio, com metade de sua lavoura já clonada, assegura que espera a confirmação dos resultados do uso da sacarose para produzir de forma convencional onde ainda não fez clonagem. Sem esta nova técnica, diz o produtor, em 20 anos o Espírito Santo deixará de produzir cacau.

Segundo Paulo Roberto Siqueira, da Ceplac no Espírito Santo, o Estado produz cerca de 8 mil toneladas de cacau por ano, em média. O custo atual da saca de 60 quilos é de cerca de R$ 300,00 e a atividade emprega 4.000 pessoas. O técnico destacou que o emprego da sacarose para elevar a imunidade do cacaueiro à vassoura-de-bruxa exige muita chuva e temperatura elevada.

Para Paulo Roberto Siqueira, a técnica mais eficaz para o combate à vassoura-de-bruxa é a clonagem. Destacou que para isto existem recursos do Banco do Brasil. Assinalou ainda que o uso da sacarose para aumentar a imunidade do cacaueiro deve ser parte do manejo integrado da cultura.

Atualmente, além do sombreamento do cacau feito com a mata nativa, o que no Espírito Santo ajudou a preservar o pouco que resta no baixo Rio Doce, já é feito consórcio do cacau com café, mamão e seringueira.

(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 03/06/2008)



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