Enquanto em Bonn, na Alemanha, 2.000 delegados começam a tentar rascunhar o futuro do Protocolo de Kyoto, do outro lado do Atlântico, em Washington, George Bush continua insensível ao problema do aquecimento global.
Ontem, por exemplo, o presidente dos Estados Unidos criticou o Senado americano. O recado é contra uma lei, em discussão desde segunda-feira, que prevê a cobrança de taxas sobre combustíveis -entre outras medidas- para tentar segurar a emissão de gases que contribui para o efeito estufa.
"[A medida] poderá impor US$ 6 trilhões de novos custos à economia americana", disse Bush durante um evento. De acordo com o presidente dos EUA, "taxar o consumo energético" não é a melhor forma de proceder.
Nos bastidores, a Casa Branca também já trabalha para barrar qualquer acordo sobre corte de emissões, que poderá ser discutido em julho, no Japão, na próxima reunião do G8. A posição dos Estados Unidos permanece imutável: só adotam uma meta para redução de emissões de gases de efeito estufa se os países emergentes, como Brasil, China e Índia também cortarem emissões.
Independentemente da posição de Washington, os delegados reunidos na Alemanha abriram ontem o evento sobre o futuro do Protocolo de Kyoto - acordo que expira, na sua primeira fase, em 2012 - com a pauta cheia. Uma das medidas em debate, por exemplo, é a taxação das passagens aéreas.
Nas primeiras discussões do encontro, os países pobres e os ambientalistas chamaram a atenção para o fato de que as mudanças climáticas globais já fazem parte do dia-a-dia das pessoas e não podem mais ser tratadas como algo distante.
(Folha de São Paulo, 03/06/2008)