Representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) afirmaram ontem (2), em debate sobre meio ambiente realizado na sede da entidade, que a preservação das reservas florestais do país seria mais eficiente caso os agricultores fossem recompensados pela manutenção dessas áreas.
De acordo com eles, os produtores rurais têm hoje dois papéis, gerar alimentos e riquezas e ainda preservar as reservas legais de sua propriedade. Para os empresários, os agricultores precisam ser remunerados por ambas as funções.
"A agricultura tem, sim, que ser sustentável, mas, antes de tudo, precisa gerar lucro. Ela é um negócio”, disse o integrante do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp, José Roberto da Ros. Segundo ele, é difícil um produtor rural da Amazônia se manter cultivando em somente 20% de sua propriedade. Esse é o percentual que pode ser desmatado, segundo a legislação vigente, sem receber nada pela área que ajuda a conservar. Para Ros, políticas governamentais teriam de recompensar esse agricultor.
O vice-presidente e diretor titular do Departamento de Meio Ambiente da Fiesp, Nelson Pereira dos Reis, reiterou a crítica e disse que faltam iniciativas do governo. “As áreas já degradadas no país dariam para plantar muita soja e produzir muito etanol”, disse Reis.
Ele rebateu os argumentos de ambientalistas de que a crescente demanda por soja e etanol seja o motivo da expansão da fronteira agrícola nacional, principalmente, em direção à Amazônia. Reis afirmou ainda que o Brasil não precisa desmatar para aumentar sua produção.
(Por Vinicius Konchinski,
Agência Brasil, 02/06/2008)