Recursos serão usados na construção do terceiro terminal de gás natural liqüefeito
Nova unidade suprirá com 14 mi a 20 mi de metros cúbicos/dia os mercados do Sul e eventualmente Argentina e Uruguai
A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, anunciou ontem o investimento de US$ 400 milhões na construção do terceiro terminal de GNL (Gás Natural Liqüefeito), a ser instalado na região Sul. A nova unidade terá capacidade de suprir com 14 milhões a 20 milhões de metros cúbicos por dia os mercados do Sul do Brasil e eventualmente de países vizinhos como Argentina e Uruguai.
Opção mais cara do que o gás nacional, a importação de GNL em navios é necessária para garantir o abastecimento de termelétricas especialmente até 2010 e 2011, períodos em que há risco maior de falta de energia, caso as chuvas não sejam favoráveis.
Segundo Foster, a decisão de investir no terceiro terminal já está consolidada na companhia. O volume de gás a ser reconvertido (do estado líquido para o gasoso) na nova unidade, porém, dependerá do resultado dos leilões de usinas da Aneel, marcados para este ano.
Todo o GNL é destinado exclusivamente às térmicas. Isso porque o produto é mais caro e compatível com o uso das termelétricas, que só são ligadas em determinados períodos do ano por serem complementares à geração hidrelétrica.
O terminal será instalado ou no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina. "Não há ainda uma decisão. Os dois Estados apresentam vantagens técnicas e econômicas", disse Foster.
Ontem, a Petrobras assinou contrato com a BG para fornecimento de GNL ao terminal instalado em Pecém, no Ceará. O gás chegará ao país no final do mês que vem com o objetivo de realizar o primeiro teste da nova unidade, que atenderá às térmicas do Nordeste -região do país que mais sofre com a falta de suprimento de energia.
Em conversão em Cingapura, o navio Golar Spirit -que faz a regaseificação do gás- chegará ao Brasil no próximo mês e ficará atracado em Pecém. Outro similar será deslocado em 2009 para o terminal da baía da Guanabara, no Rio.
Inicialmente, a BG entregará entre 75 mil metros cúbicos a 125 mil metros cúbicos por dia -volume que dependerá das térmicas estarem ou não em operação. A Petrobras tem contratos de suprimento de GNL com a Shell e mais duas empresas, cujos nomes não revela.
Foster disse que a alta do petróleo levou a empresa a vender o gás natural com defasagem em relação à cotação internacional, mas nega que o negócio não seja rentável. "Estamos deixando de ganhar, mas não podemos falar em prejuízo."
A estatal alterou todos os contratos com as distribuidoras de gás neste ano e introduziu uma modalidade "interruptível" de venda do gás, cujo suprimento pode ser cortado a qualquer momento. O modelo é destinado a atender às termelétricas, que não utilizam o produto continuamente.
(Por Pedro Soares, Folha de São Paulo, 03/06/2008)