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segurança alimentar passivos do petróleo
2008-06-03

Ao analisar a alta do preço dos alimentos em todo o mundo, o senador José Sarney (PMDB-AP) apontou, entre as principais razões para o fenômeno, o aumento do preço do petróleo, que eleva o custo de transporte dos alimentos e dos insumos agrícolas, e a especulação financeira.

Sarney lembrou que o custo do diesel, apesar de ter o preço controlado pelo governo, dobrou em sete anos, enquanto os fertilizantes subiram, só no último ano, no país, 41%. No mercado mundial, salientou, os aumentos do cloreto de potássio, usado em fertilizantes, chegaram a 90%, enquanto outras fórmulas tiveram aumento de até 150%. O custo da importação desses produtos, no Brasil, deverá ser da ordem de US$15 bilhões.

O senador informou que governo está criando um grupo de trabalho para estudar o problema, observando que são necessárias tanto medidas a curto prazo como soluções de longo prazo. Essas podem vir, em sua opinião, com a exploração das jazidas brasileiras, como a de potássio, de Nova Olinda, às margens do Rio Madeira.

- É uma operação complexa, de alta profundidade, mas o preço de US$ 600, a tonelada, tem justificado os investimentos - disse Sarney, lembrando ainda as possibilidades de aproveitamento do gás natural excedente na Amazônia.

Referindo-se a outra causa da alta do preço dos alimentos - a especulação financeira -, Sarney lembrou que o mercado de futuro da Bolsa de Chicago já negociou 22 safras. Sarney debitou esse fato na conta do que chamou de "esse mundo virtual financeiro que se criou" com a globalização financeira e recordou Helmut Schmidt, chanceler da Alemanha de 1974 a 1982, o qual lhe teria dito, certa vez, que a economia de papéis corresponde a 20% do que é a economia real.

- É de assustar a bolha de ações e hipotecas que se formam sobre ativos diminutos ou ativos de alto risco. O mercado lançou-se num processo desenfreado em torno de apostas em preços de futuro. O petróleo voou como um foguete e fez dobrar o seu preço em um ano. Com o ouro aconteceu a mesma coisa. O chumbo também subiu mais ainda. E, aí, está o absurdo: o trigo, o leite, o arroz, todos os produtos cuja produção aumentou mais do que a demanda foram atingidos pela regra do comércio especulativo. Colocamos em risco, assim, a sobrevivência de populações inteiras, as dos países mais pobres, que não são capazes de produzir seus alimentos - alertou o senador.

Sarney citou dados da FAO para refutar a tese de que a inclusão da China e da Índia no mercado consumidor de alimentos é responsável pelo encarecimento da comida, assinalando que esses dois países aumentaram suas produções nos últimos anos. Tampouco a produção dos biocombustíveis  pode ser responsabilizada pelo aumento dos preços dos alimentos, disse Sarney. Ele citou dados mostrando que embora os Estados Unidos tenham aumentado a área plantada de milho, para produção de etanol, a produção de outros cereais não caiu e, no Brasil, a área utilizada para a produção de cana-de-açúcar não é tomada de outras culturas.

- O problema do preço do alimento, portanto, não se explica simplesmente pela incorporação de um mercado consumidor nos dois grandes países. Por outro lado, também, não se explica pela experiência do biocombustível - avaliou.

Sarney lembrou reunião do InterAction Council, um conselho mundial de ex-presidentes, realizada há 13 anos, em Xangai, em que foi discutido o balanço entre população e alimentos no mundo, afirmando que as recomendações feitas então continuam atuais, como se elaboradas no dia anterior. As recomendações apontam, segundo Sarney, para a necessidade, sobretudo, de uma solidariedade internacional para enfrentar o problema, a qual não se deve resumir à ajuda de doação de alimentos, mas se estender a vários outros pontos, como os níveis de consumo dos países mais ricos.

Sarney defendeu, como parte da solução para o problema, além do fortalecimento da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) - que atualmente, em sua opinião, é desprestigiada -, o aumento dos estoques reguladores mundiais, hoje na ordem de um quarto da safra. Além disso, afirmou, é preciso cobrar dos Estados-membros das Nações Unidas, sobretudo dos que mantêm grandes subsídios agrícolas, como a União Européia e os Estados Unidos, que atuem em seus mercados com os seus próprios estoques reguladores, de maneira a conter a globalização na escalada de preços. O crescimento da população mundial, salientou o senador, deve continuar até meados deste século, chegando a 10 bilhões de habitantes. Antes que a população comece a declinar, opinou, é possível evitar a dizimação pela fome, mas, para isso, é necessária a cooperação internacional em que cada país faça a sua parte.

Na opinião de Sarney, o Brasil tem um papel importante na solução do problema alimentar em nível mundial, já que pode triplicar sua produção de alimentos aumentando a área plantada em 3,5% nas áreas de cerrado ou convertendo 1,5% das pastagens atuais, por exemplo.

(Agência Senado, 02/06/2008)


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