Lideranças indígenas prepararam lista de demandas para apresentar ao presidente Lula na reunião da CNPI (Comissão Nacional de Política Indigenista), no dia 19. Dentre os principais pedidos está a demissão do presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Francisco Danilo Bastos Forte.
Na semana passada, índios invadiram prédios da fundação em Cuiabá (MT), Curitiba (PR) e Porto Velho (RO). E mantiveram funcionários reféns em Ubatuba (SP) e Capitão Poço (PA). Indígenas criticam a suspensão no repasse de verbas, enquanto a Funasa argumenta que reforçou a fiscalização.
"Danilo não tem nenhuma competência. Está no lugar errado", disse Jecinaldo Barbosa, chefe da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).
Barbosa foi quem jogou um copo d'água no deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) em recente audiência na Câmara, sobre a demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol (RR). O indígena acha que, se a "pasta continuar na mão do PMDB, não vai mudar muita coisa".
Para o vice-presidente do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Saulo Feitosa, a situação é crítica. "O caos está se espalhando." Ele rejeita o modelo de gestão da Funasa. "Não há coordenação. Isso é conseqüência da terceirização."
Na reunião com Lula, as lideranças do CNPI vão pedir homologação de 270 terras, criação de agentes ambientais indígenas e revisão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para a Amazônia. "A hidrelétrica de Belo Monte [PA] é imposição da Dilma Rousseff [ministra da Casa Civil], que quer desenvolvimento a qualquer custo", disse Barbosa.
(Por Claudio Dantas Sequeira, Folha de São Paulo, 03/06/2008)