Todos as informações sobre a vegetação da Amazônia Legal, desde a ocorrência de determinada espécie de árvore ao volume de madeira que pode ser encontrado em certa região, foram reunidas num banco de dados lançado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para chegar aos dados, os pesquisadores valeram-se de estudos anteriores sobre a Amazônia Legal e imagens de satélite, mas também fizeram pesquisa de campo.
O resultado desse trabalho é o detalhamento de 2,5 mil trechos de florestas nos Estados que compõem a Amazônia Legal - Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão e de Goiás. Cada um desses pontos tem área de 1 hectare (10 mil metros quadrados). Um total de 20 pesquisadores esteve nesses locais e chegou à minúcia de medir cada árvore com mais de 30 centímetros de diâmetro.
"O IBGE está disponibilizando uma ferramenta poderosa para que se conheça um pouco mais dessa região do País tão carente de informações a seu respeito. Esse produto pode das subsídio às ações de políticas públicas ou mesmo da iniciativa privada", afirma o gerente de Recursos Naturais do instituto, Ricardo Braga.
De acordo com Braga, o Banco de Dados da Amazônia Legal pode ser cruzado com informações de outros projetos, como o Prodes, monitoramento via satélite feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP). "O nosso banco chega a informações detalhadas de uma área que foi desmatada. É possível saber, por exemplo, se aquela área agora é usada para pecuária ou agricultura", diz.
Área
Hoje, a área da Amazônia Legal é composta de 61% de floresta, 14% de savana, 10% de savana estépica, entre outros tipos de vegetação, e 15% de área antrópica (modificada pelo homem). Da área antrópica, a criação de gado toma conta de 8%, a agricultura, de 2%, e a vegetação secundária, de 5%. Áreas urbanas correspondem a 0,05%.
Ele diz que houve certa polêmica com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) quanto à divulgação de conhecimento sobre as espécies de árvore e volume de madeira encontrado na floresta, por temor de que as notícias pudessem ser usadas por madeireiros.
"Acredito que as informações serão usadas, principalmente, pela comunidade científica. Ao saber o volume de madeira, estima-se a biomassa. Se aquela área for queimada, é possível saber como contribuiu para agravar o efeito estufa, por exemplo", afirma. O banco de dados pode ser acessado na página do IBGE na internet (www.ibge.gov.br), na seção download, área de Geociências. O IBGE também lançou hoje o mapa das 130 espécies de invertebrados ameaçados de desaparecer, baseado na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, preparada pelo Ibama. São 96 insetos como abelhas, besouros, formigas, borboletas, mariposas e 34 espécies de outros invertebrados terrestres, como aranhas, gongolos (embuá), minhocas e caracóis.
De acordo com o catálogo, São Paulo tem o maior número de ocorrência de espécies em extinção (46), seguido de Rio (41), Minas Gerais (35) e Espírito Santo e Bahia (24 cada um). Entre os animais citados, a situação mais grave é a de quatro espécies que entraram na listagem do Ibama como extintas: a formiga Simopelta minima, que ocorria na Bahia, a libélula Acanthagrion taxaense, do Rio, e as minhocas Fimoscolex sporadochaetus (conhecida como minhoca branca) e Rhinodrilus fafner (minhocuçu ou minhoca gigante), que eram encontradas em Minas Gerais.
(G1, 02/06/2008)