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desmatamento da amazônia carlos minc ministério do meio ambiente
2008-06-03

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) considerou nesta segunda-feira "preocupantes" os dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que indicam o aumento do desmatamento na floresta Amazônica. Minc anunciou um pacote de medidas para coibir a destruição de florestas na região, entre elas o início da apreensão de gado criado em propriedades não regularizadas --chamada por Minc de operação "boi pirata"-- e a criação de um batalhão de guarda florestal para evitar ações de degradações às florestas.

O ministro admitiu que os dados do Inpe podem não ser precisos uma vez que as imagens aéreas captadas na Amazônia foram prejudicadas por nuvens na região. Mas ressaltou que, apesar das limitações do acompanhamento aéreo, os números indicam que o desmatamento na Amazônia pode crescer ainda mais nos próximos meses.

"Os piores meses de desmatamento, historicamente, são junho, julho e agosto. Não podemos dormir no ponto, o pior está por vir. Mesmo sendo um indicativo, impreciso, com nuvens, é comparado com outros semelhantes", alertou.

O ministro atribuiu o crescimento das áreas desmatadas ao aumento do preço da soja e da venda de gado no mercado econômico. Segundo Minc, há uma relação direta entre o aumento do preço da carne, da soja e o desmatamento.

"Isso significa estímulo para que novas áreas sejam ocupadas. É muito mais até o gado do que a soja, que normalmente é a segunda etapa da produção", afirmou.

Minc anunciou que, a partir do dia 15 junho, a operação "boi pirata" vai monitorar a cadeia produtiva do gado. As siderúrgicas, frigoríficos, madeireiras e agropecuárias serão notificados para que informem ao governo todos os seus fornecedores de carne. Os identificados como "irregulares" terão a produção de gado apreendida pelo governo.

"Se uma siderúrgica compra material de frigorífico ilegal, ela é responsável pelo crime ambiental", explicou Minc. O ministro não descarta doar o gado apreendido para o programa Fome Zero, do governo federal. "Pode ser uma alternativa para alimentar a quem precisa."

Patrulhamento

Minc disse que, também a partir deste mês, o governo vai ampliar o controle sobre a região amazônica com o envio de 500 homens para a fiscalização da região --como o núcleo da futura "guarda nacional ambiental" que será criada no país.

Em conversa com o ministro Tarso Genro (Justiça), Minc disse que recebeu o compromisso de que será criado um batalhão especial com treinamento ambiental para agir a partir do segundo semestre deste ano no combate ao desmatamento.

O ministro ainda espera que a decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) de restringir, a partir de 1º de julho, a concessão de financiamento agrícola para quem não cumpre critérios ambientais também vai ajudar na redução das áreas desmatadas.

Outra medida do governo, segundo Minc, será criar uma espécie de "paredão verde de unidades de conservação" para coibir o desmatamento.

"O dado é preocupante, não vamos brigar com o termômetro, não queremos chorar a seiva derramada. Vamos agir, o tempo é curto, as medidas estão certas, não deu tempo para surtirem efeito, algumas nem começaram. O boi pirata vai começar a partir de junho. Várias começaram e ainda não renderam frutos, outras estão começando agora", enfatizou.

Números

O Inpe detectou que 1.123 km2 da floresta Amazônica sofreram desmatamento no mês de abril, uma área semelhante à cidade do Rio de Janeiro. Os Estados em que foram registradas as maiores áreas desmatadas foram Mato Grosso (794,1 km2) e Roraima (284,8 km2), segundo relatório divulgado nesta segunda-feira.

Em março, o índice de desmatamento havia ficado em 145 km2. Conforme o Inpe, o aumento pode ser explicado, em parte, pela maior oportunidade de observação do sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), que faz essa medição. Isso porque em março deste ano 78% da Amazônia estava sob nuvens e, em abril, esse índice foi reduzido para 53%.

(Por Gabriela Guerreiro, Folha Online, 02/06/2008)


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