Espécies vendidas clandestinamente são largadas por seus donos em águas poluídas porque crescem demais
Por trás da beleza das tartarugas que habitam as águas poluídas do Arroio Dilúvio, na Capital, esconde-se um problema ambiental: o abandono de animais.
Entre as espécies que vivem no curso de água está a tartaruga-de-orelha-vermelha Trachemys scripta, originária do Rio Mississipi, nos EUA. Por ser parecida com a espécie tigre dágua brasileira, nativa do Guaíba, a espécie americana é vendida de forma clandestina em lojas de animais e acaba abandonada pelos compradores, por crescer demais.
O chefe do Núcleo de Fauna do Ibama no Estado, Mário Tischer, salienta que a comercialização da espécie americana é proibida:
- Estas espécies exóticas invasoras não têm predadores naturais e podem se reproduzir com outras espécies nativas, dando origem a um animal híbrido. Isso pode colocar em risco a espécie nativa que é adaptada às condições naturais.
A circulação de tartarugas e cágados no Arroio Dilúvio é comum durante todo o ano. Procedentes do Delta do Jacuí, os animais ingressam no arroio em busca de alimentos. Em meio à poluição, há fartura de invertebrados que servem de alimento.
- Embora poluído, o arroio é um ambiente rico em alimentos. Elas não dependem diretamente do oxigênio da água para viverem - explica a bióloga Soraya Ribeiro, coordenadora do Programa de Fauna Silvestre da Secretaria do Meio Ambiente (Smam).
Os bancos de areia formados pelo assoreamento do Dilúvio, especialmente na sua foz, são os locais preferidos para a desova.
Em parques como o Farroupilha (Redenção) e o Moinhos de Vento (Parcão), em Porto Alegre, existem grandes quantidades de tartarugas da espécie americana, que foram abandonadas após sua compra. Segundo a bióloga Soraya, a Smam iniciará nos próximos meses um levantamento para apurar quais as espécies existentes nos parques da Capital, sua população e medidas de controle.
Dica ZH
As pessoas que possuem animal silvestre ou exótico, mas não têm condições de criar, podem entregá-los voluntariamente ao Ibama, sem risco de punição.
Na Capital, o instituto está localizado na Rua Miguel Teixeira, 126, no bairro Cidade Baixa. Telefone para informações: (51) 3214-3400.
(Zero Hora, 02/06/2008)