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gestão de resíduos
2008-06-02
O que acontece com o lixo que produzimos em casa? A maioria de nós prefere pensar que basta colocar o saquinho plástico para fora da porta e, como num passe de mágica, algum tempo depois o pacote desaparece. A despeito da confortável ilusão, porém, o caminho percorrido pelos resíduos que produzimos em casa não é tão simples. O destino do lixo doméstico é uma das questões que mais preocupam os ambientalistas atualmente. Depois que sai das casas, a deposição nos aterros sanitários cada vez mais sobrecarregados das grandes cidades levanta a questão sobre a responsabilidade de cada cidadão com o problema. Entre os especialistas, a principal solução para a questão está bem clara: reciclagem.

Em Salvador, ainda são tímidas as iniciativas de reaproveitamento do lixo produzido nas casas. Aqui, os resíduos domésticos encontram principalmente dois destinos: acumular-se nos aterros sanitários que servem à capital ou ser depositado diretamente no meio ambiente, contribuindo para a poluição da cidade, além de problemas como entupimento de canais e bocas-de-lobo.  Mas iniciativas individuais como a de Dona Annette e Seu Manoel já apontam numa terceira direção, que deveria ser seguida por todos.

O hábito de separar o lixo doméstico é praticado por Annette Bernardes Costa, 72 e Manoel Pereira Costa, 75, há mais de 30 anos. Ainda não se falava em consciência ambiental quando a nutricionista e o contador aposentados já doavam jornais, latas, potes e garrafas de vidro para particulares e instituições preocupadas com o reaproveitamento econômico do material.

Em 2000, eles passaram a depositar o lixo que pode ser reaproveitado – metal, papéis, vidro e plásticos – nos Pontos de Entrega Voluntária (PEV) do bairro onde moram, o Canela. “As pessoas pensam que é muito trabalhoso, mas não é. Devemos fazer a nossa parte para não piorar a situação”, ensina Manoel Pereira da Costa.

Tão importante quanto a ação é a consciência ambiental do casal. Dona Annete leva tão a sério seu compromisso que não se importa de parecer mal educada quando convidada para um chá de bebê. “Não presenteio com fraldas descartáveis, pois não serei cúmplice do despejo de um material que leva mais de 600 anos para se decompor”, enfatiza. Além de separar o material, os dois ainda aprenderam a fazer arte com os resíduos domésticos. Da transformação do lixo surgem brinquedos e objetos de decoração, mostrando que é possível extrair beleza daquilo que é considerado sujo e feio.

A bióloga e mestre em desenvolvimento sustentável Caroline Todt defende que é papel de cada um mudar hábitos a partir de uma reflexão sobre o consumo. Ela explica que é necessário resistir aos apelos comerciais e pensar em não comprar além do que realmente é necessário. A preocupação começa na escolha de itens que não “carreguem” o peso da destruição ambiental, como aqueles embalados com isopor ou outros materiais de difícil degradação. “O princípio da responsabilidade deve ser trabalhado em todos os atos do cotidiano”, frisa.

Todt explica que a mudança do comportamento social vai contribuir para a melhoria da situação dos aterros sanitários, única opção de descarte de resíduos em Salvador. “Estes espaços, que podem funcionar apenas por 20 anos em média, não estão comportando a quantidade de lixo depositada”, alerta. Atualmente, Salvador conta com dois aterros sanitários. O Aterro Metropolitano Centro, compartilhado com os municípios de Simões Filho e Lauro de Freitas, recebe os lixo doméstico e o de Canabrava, onde são depositados podas de árvores e entulho.

Reciclagem oferece oportunidade de negócios

O processo de reaproveitamento de materiais utiliza apenas 17% dos resíduos sólidos descartados na capital baiana, de acordo com estimativas da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb). O percentual, no entanto, não é preciso, já que não contabiliza o trabalho dos catadores autônomos da cidade. “Atualmente, não temos este controle, porque a maior parte da coleta é realizada por catadores de rua, que não estão cadastrados”, admite a coordenadora técnica da Limpurb, Fátima Sampaio.

Ainda segundo a empresa, a capital conta atualmente com pelo menos 24 cooperativas e associações de catadores, que empregam mais de 700 pessoas que têm a catação como única fonte de renda. A categoria cria o elo entre a separação do lixo em casa e a venda para indústrias que compram material reciclável. “A presença dos catadores em Salvador é fundamental. Se não fosse por eles, a situação estaria bem pior”, analisa o mestre em química analítica ambiental Roberto Márcio Santos.

Já com relação à Bahia, não há dados disponíveis, já que os programas de coleta e reciclagem de lixo são conduzidos pelas prefeituras de cada município, e não há uma centralização das informações. Porém, a pesquisa Ciclosoft 2008, realizada pelo Cempre - Compromisso Empresarial para Reciclagem -, revela que apenas 10 municípios baianos desenvolvem programas de coleta seletiva: Alagoinhas, Camaçari, Eunápolis, Feira de Santana, Jequié, Mirante, Mucugê, Muritiba, Vitória da Conquista e Salvador.

Sem estrutura - A atividade dos catadores representa uma alternativa de sobrevivência para estas pessoas que, com mais investimentos em transporte e máquinas, poderiam aumentar sua produtividade e os ganhos. “Hoje vendemos o quilo do PET (garrafas de refrigerante) inteiro a R$ 0,75. Se tivéssemos uma máquina para granular o material, poderíamos comercializar os flocos a R$ 4,00 o quilo”, explica o administrador da Cooperativa de Reciclagem e Serviços do Subúrbio Ferroviário (Cooperssf), Elias Pires dos Santos.

Dificuldades semelhantes são enfrentadas pelos membros da Cooperativa de Coleta Seletiva, Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (Camapet), que funciona na Baixa do Fiscal. “Como não temos uma produção de grande escala, acabamos vendendo mais barato e para atravessadores”, lamenta o cooperado Jovane Bispo, 20. Ainda assim, o comércio dos resíduos e de bijuterias feitas a partir do PET rende aproximadamente um salário mínimo por mês aos catadores desta cooperativa.

Mercado verde – Economicamente, a reciclagem é interessante também para as empresas que compram resíduos sólidos e os reaproveitam. Sem citar números, o gerente industrial da Penha Papéis, Daniel Lucon, garante que, no caso desta empresa, é mais vantajoso reaproveitar o lixo do que comprar matéria prima. “Por mês, utilizamos mais de sete mil toneladas de papelão, totalizando 85 mil toneladas ao ano. Esta quantidade (ano) equivale a 1,7 milhões de árvores que deixam de ser cortadas”, ressalta. Localizada em Santo Amaro da Purificação, a empresa utiliza 100% de papelão descartado para a produção de papel.

De acordo com dados da pesquisa da Cempre relativos a este ano, na Bahia há 33 fábricas de reciclagem, sendo que cerca de metade delas se concentra na capital e municípios próximos: oito em Salvador, seis em Feira de Santana e três em Simões Filho. Segundo Roberto Márcio Santos, o mercado do reaproveitamento de resíduos tem grande potencial para crescer em todo o país. “Do lixo domiciliar despejado em aterros no Brasil, cerca de 20% poderia ser reciclado, mas acaba se perdendo com o resto” afirma.

A ampliação dos programas de reciclagem de papelão e dos outros resíduos domiciliares é apontado com o melhor caminho para desafogar os aterros sanitários e evitar a retirada da natureza de grandes quantidades de matéria prima. Mas este avanço só será possível com a participação do cidadão, peça-chave na cadeia produtiva do lixo.

Reciclagem: pesquisa indica situação no País

A pesquisa Ciclosoft 2008, realizada pelo Cempre - Compromisso Empresarial para Reciclagem – fez um levantamento da situação da coleta seletiva em todo o Brasil. Confira alguns dados levantados:

- Em 1994, quando a pesquisa começou a ser feita, apenas 81 municípios brasileiros tinham programas de coleta seletiva. Atualmente, este número subiu para 405, o que representa 7% das cidades do país. Em 1994, o custo médio da coleta seletiva era 10 vezes maior do que o da coleta convencional. Em 2008, o custo caiu para cinco vezes, principalmente por conta das variações cambiais.

- De todo o lixo recolhido de forma seletiva no Brasil, o levantamento aponta 39% é papel e papelão, 22% plásticos, 13% rejeitos industriais, 10% de Vidro, 9% de Metais, 3% de embalagens Longa Vida e 3% de outros materiais.

- As regiões Sudeste e Sul são as que possuem maior número de municípios que dispões de coleta seletiva de lixo. São 143 cidades no Sul e 195 no Sudeste. Somados, os números representam 83% do total do País. O Nordeste conta com 44 cidades, o Centro-Oeste com 16 e no Norte somente 7 municípios.

(Por Carolina Mendonça, do A TARDE On Line, 01/06/2008)

 

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