Cavalo ficou caído às margens da RSC-453 de quinta-feira até domingo, quando foi sacrificado
Nos últimos dias, muitas denúncias e reclamações chegaram à redação da Folha do Mate. A maioria se refere a animais de pequeno porte, como cães e gatos, que se amontoam nas ruas, sem ter para onde ir e do que se alimentar. Acabam disputando as sobras dos lixos com os catadores, provocando outro problema de saúde pública. No fim de semana passado, no entanto, pessoas informaram a existência de um cavalo 'largado' às margens da RSC-453, próximo ao supermercado Lehma, no bairro Battisti.
Segundo informou a secretária de Saúde, Rosane Inês da Rosa, na sexta-feira, dia 23, o animal foi medicado pelo veterinário Luciano Frozza e ficaria sob cuidados de um morador do bairro, que pediu para cuidá-lo. O caso parecia estar solucionado. À tarde, a fiscal da Associação de Proteção aos Animais (Arpa), Genessy da Graça de Castro Maciel, foi avisada que o cavalo estava no mesmo local, agonizando. Ela soube que o rapaz que se prontificou a cuidar do animal não tinha dinheiro para comprar a medicação prescrita e o caso voltou à estaca zero.
Genessy ressaltou que o animal continuava com a saúde debilitada e não conseguia reagir. Por isso, solicitou ao veterinário Ricardo Strohschoen que fosse até o local e, se fosse o caso, o sacrificasse, o que foi feito. Depois, a Secretaria de Obras deu destino ao cadáver do cavalo. O dono do animal foi localizado e argumentou que resolveu deixá-lo às margens do asfalto para ver se alguém o recolhia e tratava. "Disse que não tinha mais condições financeiras para cuidar da saúde do cavalo", revelou a fiscal da Arpa.
Para os denunciantes, a prefeitura deveria ter um local adequado e um profissional para tratar destes casos. Este local seria o canil municipal.
VETERINÁRIO
Ontem, a secretária de Saúde explicou que o contrato assinado com o veterinário Luciano Frozza era emergencial e já foi encerrado. Nos meses de janeiro, fevereiro e março, o profissional recolhia e tratava os cães abandonados. Atualmente, está ocorrendo uma licitação pública e clínicas interessadas podem disponibilizar esses serviços.
Sobre a existência de uma verba destinada à construção de um canil municipal, Rosana observou que, por orientação da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde, o recurso encaminhado a estes fins foi utilizado na ampliação do prédio da Vigilância em Saúde. No local, são realizados programas de vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental.
Por determinação do governo federal, menciona a secretária, esse repasse apenas pode ser empregado em reformas e ampliação de serviços já existentes. Rosana destaca a situação precária dos canis visitados na região e explica a dificuldade para manter instalações desse tipo. Assim, não há políticas definidas para a questão dos animais abandonados e vítimas de maus-tratos.
A questão se arrasta há anos e segue sem solução. O canil municipal, ao contrário do que muita gente imagina, não serviria de refúgio apenas para cães. O local abrigaria todo o tipo de animal. Conforme refere o Decreto nº 24.645, todos os animais existentes no País são tutelados do Estado. Por isso, a construção de um local específico é lei. Genessy vai recorrer ao Ministério Público para tentar encontrar uma solução para o impasse.
(Folha do Mate, 02/06/2008)