Eles também passaram a recolher o lixo que sujava as margens dos leitos
Canoas - Não são somente peixes que os pescadores da comunidade da Prainha de Paquetá, em Canoas, trazem dos rios. Com dificuldades na pesca após o desastre ambiental no Rio dos Sinos - em outubro de 2006 - os pescadores passaram a recolher o lixo que sujava as margens dos leitos. A iniciativa, além de ecologicamente correta, foi a alternativa encontrada por algumas das famílias que moram no local para repor - ao menos em parte - a renda que perderam desde que o volume da pesca diminuiu.
No pátio da casa do pescador Leandro Luiz da Silva, 30 anos, diversos fardos com o lixo demonstram a quantidade de material pego em apenas um dia. O pescador calcula em até 500 quilos o peso do que tirou das margens dos rios Gravataí e dos Sinos em sua jornada. Na sua maioria, o material é composto de plásticos, que ele vende por R$ 0,85 o quilo do pet e por R$ 0,35 outros tipos de plásticos, como embalagens, bacias, baldes e outros que vêm parar nas margens dos rios com a correnteza.
Para a coleta, o trabalho inicia cedo. Por volta das 7 horas da manhã, Leandro parte com o pequeno barco a motor da frente de sua casa. Ao longo das margens, ele e um companheiro vão recolhendo o material e o deixando nos fardos. Já é de noite, por volta das 19 horas, e eles fazem o trajeto de volta recolhendo o que separaram durante o dia. Eles realizam uma saída por semana e, por vezes, chegam a acampar em alguma margem e voltar só no dia seguinte. Nesta próxima segunda-feira ele já deve fazer mais uma coleta.
Solução
Este é o primeiro ano que Leandro optou pela alternativa, começando há cerca de um mês. “Como não tem mais peixe, essa é solução que temos’’, afirma. Mesmo assim, o valor arrecadado ainda é muito inferior ao que ele conseguia com a pesca. De acordo com o pescador, em um bom mês ele chegava a obter até R$ 1 mil. Com a coleta do material, a arrecadação é de R$ 600, valor que ainda tem que ser dividido com o outro pescador que trabalha com Leandro.
Por isso ele não esconde a vontade de voltar a se dedicar à pesca. “Se eles aparecerem de novo, voltamos a pescar, mas no momento não dá, a gente já tira pouco, e o pouco que tiramos não conseguimos vender porque as pessoas ainda desconfiam da qualidade do peixe.’’
(Diário de Canoas, 31/05/2008)