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amazônia
2008-06-02

A ONG dirigida pelo empresário sueco é investigada pelo governo federal.

Ele diz que está apenas 'tentando ajudar a proteger a Floresta Amazônica'.

Quem é e o que pensa o empresário sueco Johan Eliasch, apontado como o maior comprador de terras na Amazônia e diretor da ONG investigada pela Abin? O "Fantástico" foi a Londres obter essas respostas.

O sueco é investigado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A agência já conseguiu descobrir que os negócios de Johan Eliasch no Brasil seriam feitos por meio de um fundo de investimentos que comprou terras da madeireira Gethal

Johan Eliasch é milionário, dono de uma das maiores marcas de material esportivo do mundo. É sueco e tem cidadania britânica. Na Inglaterra, foi um dos financiadores do Partido Conservador, de oposição. Mas, em 2007, mudou de lado. Agora, apóia os trabalhistas e é consultor do primeiro-ministro Gordon Brown para assuntos ambientais.

No Brasil, seu nome só era citado como marido da socialite paulista Ana Paula Junqueira. Mas, esta semana, Eliasch virou manchete dos jornais. As terras que comprou na Amazônia e a ONG que ele comanda estão sendo investigadas pelo governo brasileiro.

Em Londres, Johan Eliasch foi entrevistado pelo "Fantástico". Confira trechos da entrevista.

Fantástico: Por que o senhor se interessou pela questão da Floresta Amazônica?
Johan Eliasch: Eu sou uma pessoa que adora árvores e que sempre se preocupou com o desmatamento. Foi assim que me interessei.

Fantástico: É certo dizer que o senhor está comprando a Amazônia, um pedacinho de cada vez?
Johan Eliasch: Não, de jeito nenhum. Eu tenho alguma terra no Amazonas através de uma empresa que comprei. Esse é o meu envolvimento e é para a proteção dessas terras.

Fantástico: Quando o senhor comprou essas terras?
Johan Eliasch: Foi em 2005.

Fantástico: Quantos hectares?
Johan Eliasch: No total, cerca de 160 mil hectares.

Fantástico: Esses 160 mil hectares equivalem a uma área maior do que a cidade de São Paulo, que tem 1.523 quilômetros quadrados. O senhor pode nos dizer quanto pagou?
Johan Eliasch: Isso eu não posso dizer porque, no contrato de compra, o preço é uma informação confidencial.

Fantástico: O que pretende fazer com essas terras?
Johan Eliasch: Garantir que não haverá extração ilegal de madeira, que as áreas ficarão livres disso e também para desenvolver o local de maneira sustentável. Eu quero permitir à comunidade local fazer coleta de castanhas de graça. Eu criei meios de subsistência nessas áreas.

Fantástico: O senhor pretende comprar mais terras na Amazônia?
Johan Eliasch: Eu não pretendo comprar mais terras do que eu já tenho.

Fantástico: A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) acredita que o senhor esteja incentivando a compra de terras na Amazônia por estrangeiros por causa de uma declaração que ele deu em 2006. O senhor sugeriu que a Amazônia poderia ser comprada por US$ 50 bilhões?
Johan Eliasch: O que falei foi em uma conferência para empresas de seguros, em 2006. E o que eu disse é que o valor hipotético da Amazônia era pequeno comparado ao que as seguradoras gastaram com os prejuízos do furacão Katrina. E que elas deveriam incentivar ações antidesmatamento. Foi isso que disse.

Fantástico: De onde foi tirado esse valor?
Johan Eliasch: Com base em um preço hipotético do valor das terras naquela época. Mas disse apenas como a intenção de incentivar as seguradoras a patrocinar a proteção da floresta.

Fantástico: O governo brasileiro está investigando ONGs internacionais que atuam na Amazônia e a Cool Earth, que o senhor fundou, está entre elas.
Johan Eliasch: Eu nunca fui notificado sobre qualquer investigação. Tenho certeza que a Cool Earth operou e atua de acordo com todas as leis, brasileiras, inglesas ou quaisquer outras leis.

Fantástico: Então, por que o senhor acha que existe esta suspeita?
Johan Eliasch: Eu não sei.

Fantástico: Ao fazer uma doação, o dinheiro vai para um projeto, mas também vai para a compra de terras?
Johan Eliasch: A Cool Earth não é dona de terra alguma. O que ela faz é apoiar projetos junto às comunidades locais para proteger a floresta.

Fantástico: De onde vocês tiraram os números para afirmar que com 35 libras o doador tem garantida a preservação de 22 árvores adultas, seis animais ameaçados de extinção e mais de 11 mil espécies de insetos?
Johan Eliasch: O preço é o que nós estimamos, que por 35 libras dá para efetivamente proteger meio acre de terra. E a fonte dos números são institutos de pesquisa brasileiros e internacionais.

Fantástico: Em sua opinião, a quem pertence a Floresta Amazônica?
Johan Eliasch: Pertence aos brasileiros e é assim que tem que ser.

Fantástico: Algumas pessoas no Brasil o vêem como um invasor, alguém que veio de fora, comprou terras e quer tirar lucro delas. O que acha disso?
Johan Eliasch: Acho que é uma invenção da imprensa brasileira, talvez inspirada por razões políticas. Mas minhas intenções são apenas... Eu gosto do Brasil, acho que é um lugar maravilhoso. Eu também gosto de árvores, floresta. Estou apenas tentando ajudar a proteger a Floresta Amazônica. É isso.

Fantástico: O senhor não acha que a maneira como a Cool Earth atua no Brasil pode ser chamada de um novo tipo de colonialismo?
Johan Eliasch: Não existe colonialismo nisso. Existe apenas um apoio financeiro para pessoas pobres.

Durante a entrevista, o sueco Johan Eliasch afirmou que em uma das suas propriedades, um lugar chamado "Democracia no Amazonas", ele financia um projeto social.

Johan Eliasch: Em "Democracia", estamos fazendo uma biblioteca para a escola, porque a escola não tem livros para os alunos. Só os professores tem livros, então o que estamos fazendo é construindo uma extensão para a escola que seria uma biblioteca e estamos doando livros. Também estamos ajudando financeiramente para permitir o acesso da população à internet.

(G1, 02/06/2008)


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