A Funai (Fundação Nacional do Índio) vai propor ao governo a criação de um programa de controle epidemiológico ao redor das áreas já confirmadas onde existam índios isolados. A idéia, que seria executada pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde), é evitar que os indígenas isolados, que têm baixa imunidade, sejam infectados por doenças transmitidas por outras pessoas.
"Queremos uma política de saúde diferenciada para os povos isolados", afirma Elias Biggio, coordenador-geral do Departamento de Índios Isolados da Funai. "Queremos criar um cinturão de proteção de saúde, como é feito em áreas de proteção ambiental. Essa é uma estratégia importantíssima." A Funasa não tem um programa específico para a saúde dos povos indígenas isolados. O órgão informa que a política é a mesma para todos os índios, sejam eles isolados ou não.
A Funai divulgou anteontem fotos de índios isolados que vivem no Acre, próximo à fronteira com o Peru. Há em todo o país 69 referências, ou indícios, de povos isolados. Ontem, Biggio corrigiu número divulgado no dia anterior pela assessoria da Funai, que disse ser 68. A fundação já confirmou 24 grupos e realizou contatos recentes com outros seis -esses seriam os beneficiários pelo controle epidemiológico. Segundo Biggio, a Funai mantém contato com os índios à distância, em expedições aéreas, fluviais ou pelas matas.
(Por LUCAS FERRAZ, Folha de SP, 31/05/2008)