A 9ª Conferência das Partes (COP-9) da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (CDB) encerrou ontem em Bonn, na Alemanha, com saldo positivo para o Brasil. Os 191 países participantes acertaram suas agendas para concluir a negociação de um regime internacional de acesso e repartição de benefícios de recursos genéticos da biodiversidade, cujo projeto servirá de base para alcançar um acordo legal sobre biopirataria no Japão em 2010.
Também concordaram que partes desse regime poderão ser legalmente vinculantes (obrigatórias), o que era uma reivindicação do Brasil e de outros países detentores de biodiversidade. A questão é debatida desde a Cúpula da Terra do Rio de Janeiro, em 1992. 'O Brasil sai satisfeito da conferência', disse Fernando Coimbra, da Divisão de Meio Ambiente do Itamaraty.
O cultivo de matérias-primas para a produção de biocombustíveis e os organismos geneticamente modificados serão objeto de estudo de dois novos grupos de trabalho. Os resultados serão conhecidos em 2010. Foi decidida ainda a suspensão do projeto de acrescentar nutrientes aos oceanos para combater o aquecimento global ao incentivar o crescimento de algas que absorvem gás carbônico, processo pouco testado e que implica riscos desconhecidos. O ministro do Meio Ambiente alemão, Sigmar Gabriel, classificou o resultado de 'sucesso'. As ONGs, no entanto, receberam as conclusões com menor entusiasmo. 'A cúpula avança como uma lesma', disse Martin Kaiser, chefe do Greenpeace no encontro.
(CP, 31/05/2008)