O senador Renato Casagrande (PSB-ES) recomendou em discurso que o governo aja para mostrar ao mundo que "tem controle sobre tudo o que se passa na Amazônia", inclusive impedindo que pessoas ou empresas estrangeiras aumentem suas compras de terra no Brasil. Para ele, este é, ao lado do desmatamento da Amazônia, um problema sério que o governo deve resolver com rapidez.
A imagem que a comunidade internacional tem hoje da Amazônia, conforme o senador, é a de que a região seria "uma terra de ninguém" e, por isso, o governo tem de agir para mudar essa "falsa impressão". Casagrande espera que, nas próximas horas, o governo anuncie novas providências para controlar o desmatamento da região, pois o Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais (Inpe) deve divulgar que o desmatamento na área continua a aumentar.
O senador criticou o presidente do Banco Mundial, o norte-americano Robert Zoellick, por ter afirmado que a produção de álcool contribui para o aumento da fome no mundo, pois retira áreas hoje plantadas com cereais. Para ele, isso pode até ser verdade no caso do milho norte-americano, desviado para a produção de etanol. No caso da cana-de-açúcar do Brasil e de outras áreas tropicais, essa afirmação "não passa de desinformação".
No caso do Brasil, disse Casagrande, a cana ocupa apenas 1% do território nacional, ou 10% de todas as áreas agricultáveis do país. Informou que o físico José Goldenberg derrubou "os quatro mitos" difundidos hoje na imprensa mundial sobre a fome, os preços dos alimentos, a Amazônia e o álcool de cana. Primeiro, Goldenberg mostrou que, além de ocupar uma parte mínima da área agricultável no Brasil, os novos plantios de cana costumam ocorrer em áreas antes ocupadas por pastagens.
Segundo, continuou Casagrande, a agricultura mundial se espalha por 12 milhões de quilômetros quadrados, mas apenas 100 mil quilômetros são destinados ao biocombustível nos Estados Unidos e no Brasil. Terceiro, o físico lembra que, enquanto o álcool de milho produz apenas 1,5 unidade de energia renovável para cada unidade de energia fóssil, a cana rende oito unidades. Ou seja, ela é cerca de cinco vezes mais eficiente para substituir combustíveis que agravam o aquecimento global. Por último, disse o senador, José Goldenberg lembrou que apenas 25% da cana mundial estão plantados no Brasil.
(Por Eli Teixeira, Agência Senado, 29/05/2008)