O martelo foi batido. O Inpe divulga as taxas de desmatamento de abril na Amazônia na segunda-feira. Junto com a numeralha, virá um relatório explicando em detalhes os dados obtidos através das análises das imagens obtidas pelo satélite que trabalha para o sistema Deter.
Na quinta seguinte, será a vez do Imazon soltar os dados de seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) para o mês de abril. Desta vez, o SAD que vem monitorando mês a mês a saúde da floresta no Mato Grosso e Pará, trará uma novidade. Pela primeira vez, coletará informações sobre o desmatamento em todos os estados da Amazônia.
O Imazon está rechecando os seus cálculos, comparando as imagens do MODIS, sistema de satélite que serve tanto ao SAD quanto ao Deter, com imagens obtidas por outro sistema, o Landsat.
O Inpe também está rechecando o seu levantamento. No fim de semana, técnicos do instituto se reunirão com assessores do ministro Carlos Minc para passar a última lupa nos números.
E não adianta chorar Blairo Maggi. Apesar da campanha que o governador de Mato Grosso anda fazendo contra o Inpe, tanto os seus números quanto os obtidos pelo Imazon mostram que o desmatamento continua subindo no estado e na Amazônia.
Decreto do Fundo Amazônico
A semana que vem promete. Além dos números sobre o desmatamento, sai o decreto de criação do Fundo Amazônico, que será gerido pelo BNDES e receberá dinheiro de doações para ser distribuído para atividades que ajudem a conter o desmatamento da região.
No dia 5, o conselho do Fundo Amazônico e sua regulamentação também serão revelados ao distinto público. O conselho, em outros tempos, seria chamado de saco de gatos. Vai ter de fazendeiro a ambientalista, de índio a empresário e de acadêmicos a técnicos do governo. É uma salada que pode dar certo.
Em 2 meses, o fundo estará apto a receber dinheiro. O primeiro a entrar virá do bolso do governo norueguês. Serão 500 milhões de dólares ao longo de cinco anos. Os recursos são de uma reserva para aplicação em meio ambiente constituído pelo governo da Noruega com uma taxação sobre a exploração de petróleo no Mar do Norte. O governo brasileiro bem podia copiar a idéia.
O fundo não irá enriquecer ninguém, a não ser a si próprio. A partir de uma média de desmatamento nos últimos dez anos, ele terá condições de captar doações toda a vez que a taxa anual de derrubada na Amazônia ficar abaixo desse número. Vai funcionar mais ou menos assim: a cada tonelada de carbono não emitida por conta da redução do desmatamento, o Brasil terá direito de captar junto a doadores 5 dólares.
(O Eco, 29/05/2008)