A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), disse que não irá pressionar o governo federal para flexibilizar a resolução que condiciona a concessão de crédito rural à comprovação de reserva legal --equivalente a 80% da área da propriedade na região da Amazônia Legal-- pelos produtores rurais. "Achamos que os produtores precisam se regularizar e têm mecanismos para isso", disse.
A governadora, que não vê no agronegócio a saída para o desenvolvimento da Amazônia, é a anfitriã amanhã, em Belém, do Fórum de Governadores da Amazônia Legal (AC, AM, AP, MA, MT, PA, RO, RR, TO) que reunirá oito dos nove governadores da região para discutir o desenvolvimento da região.
Os governos de Mato Grosso e de Rondônia devem aproveitar o cenário pós-Marina Silva (ex-ministra do Meio Ambiente) para tentar impor uma agenda mais próxima dos interesses dos produtores rurais e pressionar contra a suspensão do crédito rural ao produtor que tiver sua área embargada por problemas ambientais.
Os governadores Blairo Maggi (PR-MT), sojicultor, e Ivo Cassol (sem partido-RO), ex-madeireiro, são, dentre os nove, os que mais defendem o agronegócio. "Essa proibição não está correta", disse Maggi. "Para nós, é uma questão de vida ou de morte. A economia do Estado depende disso."
Em reunião ontem, os secretários de Planejamento dos nove Estados elaboraram um documento que, segundo a Folha apurou, deixou de fora a questão da restrição ao crédito. O tema, no entanto, deve voltar a ser discutido amanhã.
O documento dos governadores só sairá se houver consenso sobre as propostas de desenvolvimento para a região.
A governadora do Pará quer incluir na discussão o pagamento pela União de serviços ambientais (compensação financeira paga aos extrativistas pela exploração sustentável da floresta) e a reforma tributária.
Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo do Pará lança amanhã o programa "Um bilhão de Árvores", que financiará projetos de reflorestamento.
Segundo a governadora, o governo federal irá destinar R$ 1 bilhão para projetos de recomposição florestal, que poderá ser usado por produtores que quiserem se adequar à legislação. "O Estado não vai plantar um bilhão de árvores, e sim criar mecanismos de incentivo ao reflorestamento como uma atividade econômica. É a nossa resposta ao desmatamento."
(Por Sílvia Freire, Folha Online, 29/05/2008)