A Veracel - da Aracruz Celulose e Stora Enzo - anunciou nesta quinta-feira (29), que vai duplicar sua fábrica no sul da Bahia. Para isso, quer mais 70 mil hectares para destinar ao plantio de eucalipto. A empresa já possui 104 mil hectares na região. Para os ambientalistas, os impactos da ampliação da poluidora serão sentidos também no Espírito Santo.
O estudo do novo projeto, chamado de Veracel II, ficará pronto entre o prazo de 12 a 15 meses, e a intenção é que os novos projetos supram a demanda das fábricas de papel da Europa. O valor estimado da expansão ainda não foi divulgado.
Desde o início de sua operação, em 2005, não faltam críticas à Veracel. Ambientalistas do sul da Bahia e do norte Espírito Santo alertam sobre o constante crescimento dos plantios de eucalipto nestas regiões. Afirmam que estas terras estão esgotadas, empobrecidas e que os rios que cortam os eucaliptais estão contaminados, pelo intenso uso de agrotóxico.
Segundo o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), os plantios monoculturais também exigem grande utilização de água, se valendo, para isso, dos desvios de rios e lagoas. Em 70 dos 78 municípios capixabas há a presença do monocultivo de eucalipto.
Segundo afirmação do principal executivo da Veracel, Jouko Karvinen, divulgada no jornal Valor Econômico desta quinta-feira (29), "o licenciamento, em si, não preocupa". A ampliação dos negócios já foi comunicada ao governador da Bahia, Jaques Wagner.
Outro problema é o número de carretas que circulam nas rodovias capixabas, transportando até 90 toneladas de eucalipto da Aracruz Celulose, que é cerca de três vezes maior do que o estimado: são cerca de 900 veículos /dia. Com a expansão da Veracel, esse número deve crescer ainda mais.
Com 29 metros de comprimento e formando comboios, as carretas aumentam o número de acidentes, principalmente na BR-101, no norte do Espírito Santo. Em um único mês (junho de 2007), por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal contabilizou 317 acidentes, sendo que 72 foram provocados por carretas, com saldo de seis mortos e 17 feridos.
O anúncio da Veracel aponta que as antigas fábricas da Suécia e Finlândia foram fechadas por serem de alto custo. Neste contexto, os novos esforços do grupo Stora Enzo serão voltados para o Brasil.
(Por Flávia Bernardes,
Século Diário, 30/05/2008)