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nanotecnologia exploração de petróleo
2008-05-30

Os especialistas apontam que os desafios energéticos do Brasil devem ser enfrentados por meio de tecnologias capazes de elevar os patamares de eficiência com a diminuição de custos operacionais e impactos ao meio ambiente. Nesse sentido, a nanotecnologia vem despontando com enorme potencial na indústria do petróleo.

De olho em vantagens comparativas nos mercados nacional e internacional, tal potencial fez com que a Petrobras constituísse recentemente 38 redes temáticas para apoio a projetos na área. Uma delas, em um dos campos científicos mais promissores, é a Rede de Nanotecnologia do Petróleo.

Segundo Henrique Eisi Toma, professor titular do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), a comunidade científica brasileira precisa entender a urgência do desenvolvimento tecnológico que o setor petrolífero demanda e, como conseqüência, dar início ou continuidade a projetos de pesquisa com auxílio dos recursos oferecidos pela empresa.

”São pelo menos R$ 500 milhões por ano para serem destinados a universidades e institutos de pesquisa de todo o país. Mas, infelizmente, a maior parte da comunidade acadêmica desconhece a existência de tal apoio financeiro”, disse Toma à Agência Fapesp.

O professor apresentou, na manhã de quinta-feira (29/05), a conferência plenária “A nanotecnologia do petróleo: desafios e perspectivas” durante a 31ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, em Águas de Lindóia (SP).

Criadas em parceria com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as redes temáticas têm como objetivo principal desenvolver inovações tecnológicas de interesse estratégico para o setor de petróleo, gás e energia. Por força de lei, a Petrobras tem renúncia fiscal para apoio a projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), que contam com 0,5% do faturamento bruto da empresa.

A Rede de Nanotecnologia do Petróleo é coordenada por pesquisadores da USP, da Universidade Estadual de Campinas e das universidades federais de Minas Gerais (UFMG), do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Bahia (UFBA). Também participam da iniciativa as federais do Rio Grande do Sul (UFRS) e de São Carlos (UFSCar). Toma é o coordenador da rede na USP.

Segundo ele, a indústria do petróleo, assim como a nanotecnologia enquanto área do conhecimento, é muito ampla e abrangente, e não envolve apenas a questão energética. “Petróleo está na base da indústria petroquímica, que, por sua vez, está presente em praticamente todos os produtos consumidos hoje em dia”, salientou.

Áreas estratégicas

Henrique Toma divide o setor em três áreas: prospecção, que envolve basicamente extração e transporte de combustível; processamento, que inclui a transformação para geração de produtos; e energia e meio ambiente, no qual estão os impactos ambientais da indústria petrolífera.

Nesse universo, a nanotecnologia poderia contribuir em todas as etapas: desde a melhoria dos equipamentos de prospecção e transporte até o controle e remediação dos problemas ambientais ocasionados pela exploração, passando pela separação de gases e de outros componentes do petróleo.

“A nanotecnologia está na linha de frente das tecnologias do petróleo por oferecer materiais com propriedades mais avançadas e processos ambientalmente corretos e menos poluidores. Ela fará muito com pouco, ou seja, permitirá a produção de mais petróleo com menos materiais. O mundo nano é o que promete a maior eficiência nos processos tecnológicos do parque petrolífero brasileiro”, afirmou Toma.

Entre as características dos materiais que fariam parte da nanotecnologia do petróleo estão maior leveza e resistência mecânica, propriedades antiaderentes e capacidade de auto-reparo. Na área de prospecção, segundo o professor do IQ-USP, a nanotecnologia teria ainda alta capacidade de produzir materiais de perfuração mais resistentes, que dariam sustentação para que todo o terreno periférico ao redor dos pontos de perfuração não desmoronasse.

“Em prospecção, outra grande demanda são os materiais de fluidificação voltados ao transporte do petróleo”, apontou. Segundo ele, na área de processamento, por sua vez, “a palavra mágica se chama catálise, que são os materiais que aumentam a rapidez e eficiência de todo o processo”.

“A nanotecnologia pode ajudar em processos catalíticos que transformam o petróleo bruto em óleos nobres usados como combustível. Nanocatalisadores petroquímicos de alta eficiência já estão sendo pesquisados em todo o mundo e aditivos para melhorar o escoamento e evitar o entupimento dos catalisadores também deverão surgir”, exemplificou.

Outra área estratégica no processamento de petróleo é o sensoriamento. “Isso inclui a possibilidade de criação de sensores ultra-sensíveis para detecção de contaminantes, como os transportadores de enxofre e metais pesados que envenenam os catalisadores”, disse.

(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 30/05/2008)


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