O aumento da produção de biocombustíveis deverá contribuir para manter os preços altos dos alimentos, afirma um estudo publicado em conjunto pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). "Apesar do volume recorde atingido pelas plantações de trigo e cereais secundários durante a colheita 2007-2008, e um aumento moderado, mas constante, da produção nos próximos anos, os mercados de cereais vão permanecer tensos até 2017", diz o relatório Perspectivas Agrícolas 2008-2017.
Segundo o estudo da OCDE e da FAO, a forte demanda por milho nos Estados Unidos suscitada pelo desenvolvimento rápido do etanol no país transformou profundamente o mercado de cereais secundários (todos, exceto o trigo e o arroz). De acordo com as duas organizações, 40% da produção de milho nos Estados Unidos poderá, em 2017, ser destinada à fabricação de biocombustíveis. "O crescimento da indústria do etanol produzido com cereais, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, como também a necessidade crescente da utilização desses produtos na alimentação animal, vão pesar ainda mais sobre os estoques, que já desceram a níveis críticos", diz o estudo.
Maior produtor
A utilização de cereais na fabricação de biocombustíveis deve dobrar nos próximos dez anos, segundo o relatório. Pela primeira vez, a OCDE divulgou projeções sobre a produção de biocombustíveis. "A produção mundial de etanol registrará progressos rápidos e atingirá cerca de 125 bilhões de litros em 2017, o dobro do volume em 2007. O Brasil, diz o estudo, continuará sendo o maior produtor e exportador mundial de etanol e de cana-de-açúcar.
A participação da cana-de-açúcar destinada à fabricação do biocombustível brasileiro passará de 51% em média, durante o período 2005-2007, para 66% nos próximos dez anos. "No entanto, essa evolução não vai limitar a quantidade de cana disponível para a produção e as exportações de açúcar, já que a produção brasileira de cana-de-açúcar deverá aumentar em 75% até 2017", afirma o relatório.
Apesar do aumento da produção brasileira, os preços do açúcar, em razão da demanda interna e internacional, deverão se fortalecer. Segundo as previsões, os preços do açúcar bruto e refinado devem aumentar em 30%. A carne bovina e de porco deve registrar alta de 20% até 2017. O trigo, o milho e o leite desnatado em pó devem aumentar de 40% a 60% no período.
(BBC, Ultimo Segundo, 30/05/2008)