Uma nova empresa californiana afirma que pode produzir um combustível equivalente à gasolina a base de algas cultivadas em terrenos desérticos. O presidente da empresa Sapphire Energy, Jason Pyle, assegura que o chamado "petróleo verde", que pode começar a ser produzido dentro de três anos, é neutro no que se refere ao carbono atmosférico, já que as algas absorvem da atmosfera tanto carbono quanto depois é emitido com a queima do combustível. "Criamos um processo que depende da fotossíntese. Absorve o CO2 para criar uma molécula de carvão. Acreditamos que estamos marcando a pauta para toda uma nova indústria", disse Pyle, que evitou falar muito sobre as técnicas empregadas.
Ao contrário de outros biocombustíveis, o "petróleo verde" não afeta terrenos agrícolas que poderiam ser utilizados para a produção de alimentos, uma vez que as algas serão cultivadas em zonas áridas e ensolaradas, em pleno deserto, com água não potável. O novo combustível contém energia por litro equivalente a da gasolina com um octanagem de 91, diz Pyle. A Sapphire Energy, com sede em San Diego (Califórnia), conta com o apoio financeiro da organização sem fins lucrativos Wellcome Trust e das empresas de investimentos Arch Venture Partners e Venrock.
"Desbancar"
O diretor-gerente da Arch Venture Partners, Robert Nelsen, comentou: "Queremos desbancar o sistema atual de petróleo, para substituí-lo por um sistema de produção contínuo que reproduz, para todos os efeitos, um campo petrolífero acima do solo, que produz petróleo por tanto tempo quanto se queira."
Por outro lado, um especialista da Union of Concerned Scientists (União de Cientistas Comprometidos), Don Anair, assinalou que "a passagem para o 'petróleo verde' poderia trazer benefícios importantes quanto às emissões dos gases de efeito estufa, mas talvez não seja capaz de combater os poluentes tradicionais que saem dos canos de descarga, como o ozônio e o óxido de nitrogênio".
O Conselho de Recursos do Ar da Califórnia, departamento do Governo do estado que vela pelas questões ambientais, também se mostrou cauteloso. "As reduções de emissões podem ser notadas no processo de refinamento, mas ainda persistem as questões das emissões dos veículos que usa o novo biocombustível", disse o porta-voz Dimitri Stanich. No entanto, acrescentou: "Desejamos sorte e esperamos os estudos técnicos que demonstrem o custo e a viabilidade de seus processos de produção".
(Efe, Folha Online, 30/05/2008)