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cop/cdb
2008-05-30

Danos a florestas, rios, vida marinha e outras reservas naturais podem reduzir pela metade os padrões de vida das populações pobres do planeta, deverá concluir um estudo a ser divulgado durante a Convenção sobre Diversidade Biológica que está sendo realizada nesta semana em Bonn, na Alemanha. Segundo a pesquisa "The Economics of Ecosystems and Biodiversity" (TEEB, ou "A Economia de Ecossistemas e Biodiversidade", em tradução livre), os atuais índices de declínio na natureza podem reduzir o PIB (Produto Interno Bruto) global em cerca de 7% até 2050.

"Chegamos a respostas como 6% ou 8% do PIB", disse o líder do projeto, Pavan Sukhdev, "quando pensamos sobre os benefícios de ecossistemas intactos, em que há um controle do uso da água, de enchentes e secas e do fluxo de nutrientes da floresta para o campo". "Mas aí você percebe que os grandes beneficiários (da natureza) são os 1,5 bilhão de pobres do mundo; esses sistemas naturais representam de 40% a 50% do que nós definimos como 'PIB dos pobres'", disse Sukhdev.

A iniciativa de realizar o estudo foi lançada pelo governo alemão e a Comissão Européia quando a Alemanha estava na Presidência do G8 --até meados do ano passado-- e segue o modelo do relatório Stern, encomendado pelo governo britânico e publicado em 2006, que faz uma análise do impacto das mudanças climáticas sobre a economia mundial. Sukhdev, um diretor da divisão de mercados globais do Deutsche Bank, foi escolhido para liderar o estudo. O documento a ser divulgado durante a convenção é um relatório preliminar sobre o que a equipe reconhece ser assuntos complexos, difíceis e pouco estudados.

Florestas
O dado de 7% é, em grande parte, baseado na perda de florestas, e o relatório irá reconhecer que o custo associado à perda de alguns ecossistemas ainda não foram quantificados adequadamente. Os danos ambientais, entretanto, são bem especificados - uma redução de 50% de áreas pantanosas nos últimos 100 anos, uma taxa de perda de espécies entre 100 e mil vezes a que ocorreria sem 6,5 bilhões de humanos no planeta, um declínio acentuado em estoques de peixe e um terço dos recifes de corais danificados.

Mas a equipe reconhece que colocar um valor monetário nesse impacto é provavelmente muito mais difícil do que colocar um custo nos efeitos da mudança climática. O relatório deve abordar algumas das zonas do planeta danificadas ecologicamente, como o Haiti, onde o desmatamento intenso --provocado em grande parte pelos pobres que cortam madeira para vendê-la-- acaba deixando o solo menos produtivo.

"Muito pouco, muito tarde"
Há indicações de que a biodiversidade e assuntos relacionados a ecossistemas estão agora sendo ouvidos nos altos escalões da política. Ministros do meio ambiente do G8, que se reuniram no Japão no último fim de semana, escreveram um documento dizendo que "biodiversidade é a base da segurança humana e (...) a perda de biodiversidade exacerba desigualdade e instabilidade na sociedade humana".

Durante a convenção em Bonn, na quarta-feira, 60 países se comprometeram a acabar com o desmatamento até 2020. Mas o objetivo de "parar e começar a reverter" a perda de biodiversidade até 2010 - lançado na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, em 1992 --não deve ser alcançado. Um rascunho da TEEB vista pela BBC, conclui que "lições dos últimos 100 anos demonstram que o homem tem feito muito pouco e muito tarde diante de ameaças semelhantes --asbestos, clorofluorcarbonos, chuva ácida, declínio de áreas de pesca, e, mais recentemente, mudança climática".

(Por RICHARD BLACK, BBC News, 30/05/2008)


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